domingo, 17 de agosto de 2025

VEREADOR DO PSOL-PE É PRESO EM OPERAÇÃO CONTRA FRAUDES DO DPVAT NA ZONA DA MATA

Um vereador de Carpina, município localizado na Zona da Mata de Pernambuco, foi preso na última quinta-feira (14) suspeito de integrar um complexo esquema de fraudes envolvendo o Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito, o DPVAT. A operação, batizada de “Sinistro”, mobilizou a Polícia Civil do estado e resultou na detenção de 19 pessoas, incluindo médicos, fisioterapeutas e até um policial civil. Segundo a investigação, o vereador preso é Wagner Emanoel Henrique Aleixo da Silva, filiado ao PSOL, eleito nas eleições de 2024 com 779 votos, que atua profissionalmente como fisioterapeuta.

De acordo com informações da Polícia Civil, Wagner e outros quatro fisioterapeutas estariam diretamente envolvidos na elaboração de documentos que comprovavam, de forma fraudulenta, a realização de sessões de fisioterapia por vítimas de acidentes de trânsito, algumas das quais poderiam sequer existir. As solicitações das sessões eram feitas por médicos, que participavam do esquema fornecendo atestados e laudos médicos falsos para sustentar os pedidos de indenização junto às seguradoras.

A operação revelou que o grupo não se limitava a falsificação de laudos; boletins de ocorrência, prontuários médicos e outros documentos oficiais eram produzidos ou manipulados para dar aparência de legalidade aos processos de indenização. Entre os principais suspeitos estão Jonnathan Nascimento Gomes de Lima, apontado como líder do esquema e responsável por acessar prontuários de unidades de saúde, o que possibilitava identificar possíveis vítimas, e o médico Victor Felipe Crispim Clemente, também considerado um dos articuladores das fraudes.

Além deles, o policial civil Severino Evaldo do Nascimento teve participação crucial na execução do esquema, sendo responsável pelo registro de boletins de ocorrência na delegacia de Glória do Goitá, na Mata Norte, documentos que serviam de base inicial para os pedidos fraudulentos de indenização. A investigação aponta que a atuação coordenada entre profissionais da saúde e da segurança pública permitiu que o grupo operasse por meses, possivelmente causando prejuízos significativos ao seguro DPVAT e ao erário público.

A Câmara Municipal de Carpina, a defesa do vereador e sua família divulgaram nota informando que não irão se manifestar enquanto o inquérito judicial estiver em andamento, ressaltando o direito à ampla defesa e ao contraditório de Wagner. Durante a operação, as autoridades também investigaram outros envolvidos que, embora não tivessem função pública, contribuíam para a falsificação de documentos e registro de procedimentos médicos inexistentes.

Fontes da Polícia Civil confirmaram que os alvos da operação tinham papéis bem definidos dentro da organização criminosa: médicos e fisioterapeutas eram responsáveis por gerar relatórios e laudos falsos, enquanto o policial civil estruturava os registros oficiais que davam início aos pedidos de indenização. A ação da “Operação Sinistro” evidencia um esquema sofisticado, que envolvia planejamento, conhecimento técnico e coordenação entre diversas áreas profissionais.

O caso despertou atenção pela participação de um representante eleito pelo povo e reforça a complexidade das investigações em fraudes ligadas a seguros e benefícios destinados a vítimas de acidentes. Durante as diligências, os policiais apreenderam documentos, computadores e outros materiais que ajudarão a esclarecer a extensão do esquema e identificar novas vítimas, reais ou fictícias. O trabalho da polícia segue com a análise detalhada de todos os documentos e registros relacionados aos pedidos de indenização fraudulentos, além da investigação de possíveis conexões com outros casos similares em Pernambuco.


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