O clima político em Pernambuco ganha novos contornos nesta terça-feira (9), quando chega ao plenário da Assembleia Legislativa o aguardado projeto que autoriza o Governo do Estado a contratar um empréstimo de R\$ 1,5 bilhão. A proposta, enviada ainda no período em que Priscila Krause (PSD) ocupava interinamente o comando do Executivo, percorreu um caminho lento pelas comissões da Casa, acumulando quase seis meses de discussões, pedidos de vistas e cobranças de maior detalhamento sobre a destinação dos recursos. Agora, com a votação marcada, a expectativa é de que a medida seja aprovada, contando com apoio de diferentes bancadas, inclusive da oposição, que mesmo crítica à condução do processo reconhece a necessidade de destravar investimentos.
Nos bastidores, o Palácio do Campo das Princesas intensificou a articulação nos últimos meses, especialmente após a governadora Raquel Lyra (PSD) reforçar publicamente, em diversas agendas, a cobrança por celeridade na tramitação dos projetos de crédito. O discurso da gestora, contudo, provocou reação imediata do presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB), que acusou o Executivo de não apresentar informações claras e suficientes sobre como os recursos seriam aplicados. Esse embate entre os dois poderes elevou a temperatura do debate e transformou a votação em um verdadeiro teste de força.
Para o Governo, a aprovação representa a chance de acelerar obras de infraestrutura, programas sociais e projetos de mobilidade paralisados por falta de recursos. Já para os parlamentares, o rito de votação impõe desafios. É necessário que a base governista consiga articular a rejeição do substitutivo apresentado nas comissões, o que só é possível mediante pedido de separação em plenário. Superada essa etapa, abre-se o caminho para votar o texto original enviado pelo Executivo. O quórum, porém, é determinante: a aprovação ou rejeição exige maioria de dois terços dos deputados presentes, cenário que coloca em jogo a disciplina da base e a disposição dos oposicionistas em colaborar.
O chamado “Dia D do empréstimo” promete movimentar os corredores da Alepe. Deputados se preparam para discursos inflamados, em que a defesa da responsabilidade fiscal deve disputar espaço com a pressão por novos investimentos e obras estratégicas. O Governo aposta na narrativa de que o aporte bilionário pode destravar gargalos históricos de Pernambuco, enquanto críticos alertam para o aumento da dívida pública e a necessidade de mais transparência. O resultado da votação servirá como termômetro da relação entre Raquel Lyra e a Assembleia, sinalizando o grau de governabilidade da atual gestão em meio a disputas políticas que seguem em ebulição.
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