No dia de ontem, quarta-feira, o deputado Augusto Coutinho utilizou a tribuna da Câmara dos Deputados para relembrar a vida e a trajetória de Armando Monteiro Filho, figura que marcou profundamente a política e o desenvolvimento de Pernambuco. Coutinho destacou a importância de preservar a memória de homens públicos que deixaram contribuições significativas, apontando que lembrar esses exemplos é fundamental para inspirar novas gerações a buscar o crescimento do Estado. O motivo da homenagem foi especial: no dia 11 de setembro, Armando completaria 100 anos de nascimento.
Nascido em Recife, em 1925, Armando Monteiro Filho era filho de Armando de Queiroz Monteiro e Maria José Dourado de Queiroz Monteiro. Desde cedo, carregou consigo a herança de uma família ligada à política e ao desenvolvimento econômico. Estudante de engenharia da Universidade do Recife, iniciou sua militância ainda na vida acadêmica, onde demonstrava forte liderança e compromisso com a causa pública. Sua ligação política se fortaleceu ao se casar com Do Carmo, filha do ex-governador Agamenon Magalhães, o que também o inseriu de forma ainda mais intensa no cenário político pernambucano.
Eleito deputado estadual em 1950, Armando não chegou a assumir o mandato devido a impedimentos legais relacionados ao parentesco com o então governador, mas isso não freou sua ascensão. Quatro anos depois, em 1954, alcançou a Câmara Federal com a maior votação de Pernambuco, consolidando-se como uma das vozes mais influentes do seu tempo. Em 1961, no governo de João Goulart, assumiu o Ministério da Agricultura, onde desempenhou papel relevante ao criar instrumentos como o Fundo Agropecuário e regulamentações do Código Florestal, além de fomentar debates sobre reforma agrária.
Em 1962, candidatou-se ao governo de Pernambuco, mas foi derrotado por Miguel Arraes em uma eleição marcada pelo intenso debate sobre o futuro político e social do Estado. Apesar da derrota, não abandonou a vida pública. Com o golpe militar de 1964, aderiu ao MDB e manteve-se ativo na política, sempre com postura firme e conciliadora, tornando-se uma referência ética e democrática em tempos de repressão.
Sua trajetória não se limitou à política. Armando Monteiro Filho também se destacou como empresário, atuando no setor industrial e agropecuário, liderando grupos empresariais e contribuindo para o desenvolvimento regional. Esse equilíbrio entre a vida pública e privada consolidou sua imagem como homem de visão ampla, capaz de compreender os desafios do país sob diferentes perspectivas.
Armando faleceu em janeiro de 2018, aos 92 anos, deixando um legado que atravessa décadas e permanece vivo no imaginário político de Pernambuco. Em 2002, foi reconhecido nacionalmente ao ser admitido à Ordem do Mérito Militar, no grau de Cavaleiro especial. Hoje, seu nome volta a ocupar o debate público, seja através de homenagens legislativas que resgatam sua importância, seja no centenário que convida a refletir sobre seu exemplo de integridade, compromisso e trabalho.
A lembrança feita por Augusto Coutinho não se resume a um discurso, mas sim a um gesto de resgate histórico de alguém que, como deputado, ministro, empresário e homem de família, deixou marcas indeléveis na vida política e econômica de Pernambuco e do Brasil. Celebrar os 100 anos de Armando Monteiro Filho é revisitar um capítulo essencial da nossa história, em que coragem, inovação e compromisso social caminharam lado a lado.
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