segunda-feira, 1 de setembro de 2025

COLUNA POLITICA | JULGAMENTO NO STF | NA LUPA 🔎 | POR EDNEY SOUTO


UM JULGAMENTO HISTÓRICO PARA A DEMOCRACIA BRASILEIRA
UM EX-PRESIDENTE NO BANCO DOS RÉUS

O Brasil vive uma semana que ficará marcada nos livros de história. A partir desta terça-feira, Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República, senta-se no banco dos réus no Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria-Geral da República o aponta como o principal líder de uma organização criminosa armada, cujo objetivo teria sido subverter o resultado das urnas, deslegitimar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022 e ensaiar um golpe de Estado. É a primeira vez, desde a redemocratização, que um ex-chefe do Executivo responde a acusações tão graves. Vamos tirar a limpo o assunto aqui NA LUPA. 

A TESE DA PGR
Segundo a denúncia, Bolsonaro não apenas incitou, mas organizou e coordenou uma estrutura que incluía militares, políticos, influenciadores digitais e grupos civis para tentar manter-se no poder. A acusação fala em disseminação deliberada de desinformação sobre as urnas eletrônicas, incentivo a manifestações golpistas e apoio logístico a atos que culminaram nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas em Brasília. O tom da PGR é duro: para os procuradores, não se trata de simples discurso político, mas de um ataque frontal ao Estado Democrático de Direito.

O STF NO CENTRO DA HISTÓRIA
O Supremo Tribunal Federal assume mais uma vez um protagonismo incômodo e inevitável. Cabe à Corte máxima não apenas julgar um ex-presidente, mas também reafirmar os limites da democracia brasileira. A condução do julgamento será acompanhada dentro e fora do país, e cada voto dos ministros carregará um peso simbólico e político monumental. Para críticos, há risco de politização; para defensores, o STF cumpre o seu papel constitucional de frear tentativas autoritárias.

O FUTURO DE BOLSONARO
Bolsonaro, que já enfrenta ineligibilidade decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), agora pode ter seu destino político e pessoal selado por uma condenação criminal. Se considerado culpado, poderá enfrentar penas severas, que incluem prisão e perda definitiva de direitos políticos. Seus aliados, por outro lado, sustentam que o julgamento é “perseguição” e tentam mobilizar a opinião pública. Resta saber se o ex-presidente conseguirá transformar o processo em bandeira política ou se será engolido pela gravidade das acusações.

OS DEMAIS ACUSADOS
Não é apenas Bolsonaro quem estará diante dos ministros do STF. Generais, ex-ministros, parlamentares e figuras do entorno do ex-presidente também respondem a acusações semelhantes. Esse julgamento coletivo amplia a dimensão histórica do processo: trata-se não apenas da responsabilização de um líder, mas da tentativa de desmontar toda uma rede que, segundo a PGR, planejou a ruptura institucional. Cada réu terá sua defesa, mas todos estão sob a sombra do mesmo roteiro: a conspiração contra o resultado das urnas.

UM CAPÍTULO TRISTE DA DEMOCRACIA
A democracia brasileira sai abalada, independentemente do desfecho. O simples fato de um ex-presidente responder por tentativa de golpe já revela fragilidades institucionais e sociais. As eleições de 2022, vencidas dentro das regras do jogo, não foram aceitas por uma parcela significativa da população. O julgamento, portanto, não é apenas sobre crimes; é sobre a necessidade de cicatrizar feridas abertas e restabelecer confiança nas instituições. A história cobrará de todos os réus, juízes e sociedade a maturidade necessária para superar esse momento.

A INTERFERÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS
Em meio a esse cenário, surgem informações de pressão norte-americana pela absolvição de Bolsonaro. O movimento, se confirmado, representa uma tentativa clara de interferência em assuntos internos do Brasil e fere frontalmente a nossa soberania. A diplomacia brasileira enfrenta, assim, um dilema: como responder a um aliado estratégico sem abrir mão da independência nacional? O episódio expõe, mais uma vez, como o Brasil ainda é visto como peça em um tabuleiro geopolítico maior, onde interesses externos tentam moldar decisões internas.

O QUE ESTÁ EM JOGO
Mais do que o destino de Jair Bolsonaro, o que está em julgamento é o futuro da democracia brasileira. O STF, ao decidir, traçará os limites para qualquer tentativa de subversão das regras democráticas no país. O mundo assiste, a sociedade brasileira aguarda e a história registra. Seja qual for o resultado, nada será como antes. É um daqueles momentos em que a democracia é testada até o limite. Que Deus abençoe o Brasil e os brasileiros, porque o que se decide agora ultrapassa qualquer fronteira ideológica: é a sobrevivência da nossa própria República. É isso aí.

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