Em 29 de setembro de 1992, o Brasil viveu um dos momentos mais marcantes da sua história política — a Câmara dos Deputados aprovava o impeachment de Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito pelo voto direto após a ditadura militar e também o primeiro a ser afastado do cargo por crime de responsabilidade.
O processo ganhou força após denúncias de corrupção que ligavam Collor a seu ex-tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, o PC Farias. O esquema, revelado inicialmente por Pedro Collor, irmão do presidente, envolvia contas fantasmas, desvio de recursos e até cheques usados em despesas pessoais, como reformas na Casa da Dinda e a compra de um Fiat Elba.
As investigações tiveram um ponto decisivo com as revelações de Eriberto França, motorista da secretária do presidente, que detalhou como o dinheiro abastecia gastos privados da família Collor.
Enquanto o presidente tentava se defender convocando a população a vestir verde e amarelo, o movimento estudantil, conhecido como "caras-pintadas", tomou as ruas com o rosto pintado de verde e amarelo, mas em protesto, exigindo a saída do chefe do Executivo.
No dia 29 de setembro, a Câmara aprovou o impeachment por 336 votos, e o Senado, sob a presidência de Sidney Sanches, então chefe do Supremo Tribunal Federal, determinou o afastamento de Collor. No dia 2 de outubro, o vice Itamar Franco assumiu o comando do país.
Em dezembro de 1992, Collor renunciou ao cargo, mas o Senado concluiu o processo e impôs a perda dos seus direitos políticos até o ano 2000.
Apesar do desgaste, Collor retornou à política anos depois. Foi absolvido das acusações de corrupção passiva pelo STF em 1994, tentou o governo de Alagoas em 2002 e se elegeu senador em 2006, mandato que exerceu por dois períodos.
Mesmo assim, o ex-presidente voltou a se envolver em escândalos e acabou preso em desdobramentos da Operação Lava Jato. Em maio de 2025, deixou a prisão para cumprir pena em regime domiciliar, por causa da idade e de problemas de saúde.
Aos 76 anos, Collor carrega o peso histórico de ser o primeiro presidente do Brasil a sofrer impeachment, episódio que marcou a força das ruas e consolidou o papel das instituições democráticas no país.
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