O recente episódio envolvendo a votação da chamada PEC da Blindagem na Câmara Federal expôs uma contradição dentro do PSB e abriu margem para questionamentos sobre a liderança de João Campos, prefeito do Recife e presidente nacional do partido.
Enquanto boa parte da bancada socialista, incluindo o deputado federal Pedro Campos, votou a favor da proposta, João veio a público negar que tenha dado qualquer orientação nesse sentido. Em entrevista, o prefeito classificou a PEC como um “absurdo” e reafirmou sua posição contrária à medida, além de garantir que não houve alinhamento prévio com sua direção partidária.
A polêmica ganhou força porque, logo após a repercussão negativa, parlamentares do PSB se viram obrigados a gravar vídeos de retratação, admitindo erro e pedindo desculpas. Entre eles, Pedro Campos, irmão de João, cuja justificativa não convenceu parte da opinião pública. A postura gerou a percepção de que o partido tentou recuar apenas depois da pressão popular e do desgaste imediato.
Na tentativa de conter os danos, João Campos destacou que interveio assim que soube da inclusão de dispositivos que ampliavam a blindagem de dirigentes partidários. Segundo ele, após essa interferência, a bancada fechou questão de forma unânime contra o texto. Além disso, o prefeito informou ter solicitado ao senador Cid Gomes, líder do PSB no Senado, que a posição seja contrária também na Casa Alta, garantindo unidade.
Mesmo assim, o episódio deixou marcas. O contraste entre a votação na Câmara e o discurso da liderança nacional expôs fragilidades no comando interno do PSB. Analistas políticos avaliam que, embora João Campos tente se blindar da polêmica, a associação entre seu nome e o voto dos parlamentares do partido é inevitável, sobretudo porque envolve seu irmão e aliado direto.
A repercussão negativa poderá ter efeitos não apenas no campo institucional, mas também eleitorais. João Campos, que se projeta como uma das principais lideranças jovens da política nacional, vê sua imagem arranhada justamente em um momento de fortalecimento de sua presença no cenário brasileiro. A crise é mais um teste de sua capacidade de articulação e de liderança, em um partido que já conviveu com divisões internas em votações estratégicas no Congresso.
O caso da PEC da Blindagem mostra que, mesmo em um partido com presidente ativo e em ascensão, os ruídos de coordenação podem colocar em xeque a narrativa de unidade. Querendo ou não, o desgaste respinga em João Campos, que terá de redobrar esforços para reafirmar autoridade sobre sua bancada e preservar seu capital político nacional
Nenhum comentário:
Postar um comentário