Ao romper de forma definitiva com o campo da esquerda, o ex-presidenciável reforça um projeto político que se alimenta da negação a Lula, mas carece de proposta concreta para o país. O flerte com o PSDB e o União Brasil soa como um gesto desesperado de quem busca abrigo em um centro-direita esvaziado, tentando vender moderação sem abandonar o discurso corrosivo que o isolou do eleitorado.
Em 2022, quando teve a pior votação de sua trajetória, Ciro já demonstrava sinais de cansaço político e dificuldade de leitura da conjuntura. Ao insistir em um discurso antipetista, acreditou que poderia ocupar o espaço da “terceira via”, mas acabou espremido entre o bolsonarismo e o lulismo — sem conquistar nem o centro, nem a esquerda.
A deterioração política de Ciro chegou a tal ponto que hoje ele está intrigado até com o próprio irmão, o senador Cid Gomes, com quem travou uma disputa pública pelo controle do PDT no Ceará. O rompimento familiar simboliza o colapso de um projeto político que, antes pautado por ideias, se transformou em uma cruzada pessoal contra aliados e adversários.
Ciro, que já defendeu um projeto nacional de desenvolvimento e sonhou em unir o país pela razão, entrega-se agora ao vazio ideológico, caminhando por uma estrada sem rumo e sem eco. A sua voz, outrora potente, tornou-se um eco distante de quem trocou a política pela vingança — e a liderança pela mágoa.
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