segunda-feira, 20 de outubro de 2025

LUTO EM ARCOVERDE: MORREU ENALDO CÂNDIDO, O JORNALISTA QUE FEZ HISTÓRIA E DEU VOZ AO SERTÃO

A segunda-feira (20) começou triste para a imprensa do Sertão pernambucano. Faleceu o jornalista Enaldo Cândido, fundador do tradicional Jornal de Arcoverde (JA) e uma das figuras mais marcantes do jornalismo interiorano. Natural de Itaíba, ele adotou Arcoverde como sua casa e ali construiu uma trajetória marcada por coragem, independência e amor à notícia.

Criado nos anos 1980, o Jornal de Arcoverde nasceu em um tempo em que o impresso reinava absoluto e se tornou uma das principais vozes da cidade e da região. Com textos diretos e sem medo de dizer o que pensava, Enaldo transformou o JA em um verdadeiro símbolo de resistência. Enquanto muitos jornais fecharam as portas, o seu seguiu firme, enfrentando as mudanças da era digital e as dificuldades econômicas que atingiram a imprensa tradicional.

Além da vida dedicada ao jornalismo, Enaldo também teve passagens pela gestão pública, contribuindo em governos municipais, como nas administrações de Áureo Bradley e Ruy de Barros. Era reconhecido pelo seu senso crítico e pela lealdade às suas convicções. Um dos episódios mais marcantes de sua trajetória aconteceu em 1986, quando foi preso por divulgar informações sigilosas da Justiça — um caso que repercutiu em todo o Estado e o consolidou como um jornalista destemido e comprometido com a verdade, mesmo diante da perseguição política.

Nos bastidores de Arcoverde, Enaldo era conhecido pelo bom humor e pelas conversas animadas na famosa “Confraria do JA”, que se reunia no antigo Caldinho, no bairro São Geraldo. Lá, entre amigos, risadas e histórias, celebrava todos os anos seus “eternos 39”.

Com sua morte, Arcoverde perde um cronista do povo, um homem que soube transformar o cotidiano da cidade em páginas vivas de jornalismo sertanejo. Enaldo Cândido deixa um legado de resistência, independência e paixão pela comunicação, exemplo para as novas gerações que acreditam que informar é um ato de coragem.

Hoje, o Sertão se despede de uma de suas vozes mais autênticas — um jornalista que escreveu, com alma e coração, parte da história de Arcoverde e de Pernambuco.

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