A engenharia política construída na capital federal prevê que Marília concorra ao Senado de maneira independente, sem compor formalmente a chapa majoritária de João Campos (PSB), mas com liberdade para apoiá-lo na disputa pelo Governo de Pernambuco. Essa articulação garante à petista dissidente uma posição estratégica, permitindo-lhe dialogar com diversos segmentos políticos e ampliar seu alcance eleitoral sem amarras tradicionais.
O deputado Luciano Bivar, por sua vez, seria o primeiro suplente de Marília. A escolha de Bivar para ocupar essa vaga não é apenas simbólica: ao se colocar como suplente e abrir mão da reeleição à Câmara Federal, ele libera seu robusto conjunto de bases eleitorais para fortalecer a candidatura de Josafá. Esse rearranjo cria uma nova linha de força dentro da Federação e aumenta a densidade do grupo na disputa proporcional.
Com essa abertura, Josafá passa a ser visto como um polo de atração dentro do campo conservador e dos partidos alinhados à direita. O nome que surge com maior força nesse movimento é o do deputado federal Fernando Rodolfo, atualmente no PL. Rodolfo, que já possui capital político consolidado no Agreste e tem sua esposa exercendo a função de vice-presidente estadual do partido, poderia ser atraído pela perspectiva de uma estrutura mais sólida, garantia de bases compartilhadas e maior segurança eleitoral num ambiente onde a disputa interna do PL tende a se intensificar.
Para setores que acompanham de perto as articulações, a chance de Rodolfo migrar para fortalecer um bloco proporcional liderado por Josafá não deve ser descartada. A presença de Luciano Bivar como avalista desse projeto adiciona peso institucional e amplitude ao movimento, oferecendo uma alternativa competitiva e bem estruturada para quem busca renovar espaço na Câmara Federal.
Esse conjunto de fatores amplia significativamente o impacto da possível candidatura avulsa de Marília Arraes. Ela deixaria de ser apenas uma solução estratégica para o Senado e se transformaria em eixo de reorganização de forças políticas, com efeitos diretos tanto na disputa majoritária quanto na proporcional. A Federação Solidariedade-PRD, antes vista como uma composição modesta, desponta agora como articuladora de um bloco capaz de influenciar diretamente o mapa eleitoral de Pernambuco.
Além disso, o gesto de Marília em apoiar João Campos — mesmo sem integrar uma chapa oficial — reforça a possibilidade de um alinhamento pragmático com o PSB, sem que isso reduza sua autonomia política. Para João Campos, esse apoio informal representa a chance de conectar sua candidatura ao governo com diferentes segmentos do eleitorado, inclusive parte da base que tradicionalmente acompanha Marília.
Enquanto as negociações seguem em estado avançado, mas ainda sem anúncio oficial, cresce em Brasília a percepção de que essa costura pode ser um dos movimentos mais decisivos do xadrez político pernambucano. Se concretizadas, as articulações reordenarão forças, abrirão novas frentes e poderão, inclusive, alterar o comportamento de figuras importantes como Fernando Rodolfo, trazendo efeitos de cascata para outros partidos e lideranças regionais.
O tabuleiro está aberto — e apenas aguarda o momento certo para que as peças comecem a se mover oficialmente.
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