A Justiça de Pernambuco proferiu uma decisão que reacende o debate sobre responsabilidade e segurança em estabelecimentos infantis. A coordenadora de um hotelzinho particular em Belo Jardim foi condenada a dez anos de prisão pela morte trágica do pequeno Davi, de apenas 3 anos, ocorrida em 2022, após um afogamento que poderia ter sido evitado. Segundo a sentença, assinada pelo juiz Leonardo Costa de Brito, a criança permaneceu cerca de doze minutos completamente sem supervisão — um intervalo fatal que escancarou falhas graves no cuidado.
De acordo com o processo, a coordenadora, responsável direta pela vigilância das crianças, estava deitada em uma cama elástica usando o celular enquanto Davi circulava livremente pelo espaço. Nesse período, o menino conseguiu remover uma grade improvisada, deslocar-se até a área da piscina, subir a escada e cair na água sem que a profissional percebesse. O magistrado ressaltou que a acusada já havia sido alertada previamente sobre o risco, mas não tomou as medidas necessárias para garantir a proteção, mantendo tanto a porta aberta quanto a barreira de segurança em condições inadequadas.
A sentença também estabeleceu o pagamento de R$ 100 mil em danos morais aos pais da vítima, reconhecendo a dor irreparável da família e a negligência que resultou na morte da criança. Embora condenada, a ré poderá recorrer em liberdade, pois respondeu solta durante toda a tramitação do processo. No entanto, o caso ganhou um novo desdobramento: o juiz determinou que o Ministério Público de Arcoverde fosse comunicado imediatamente, após a acusada afirmar que mantém outro hotelzinho em funcionamento, também sem licença. Para o magistrado, essa informação aponta para um possível risco contínuo a outras crianças, exigindo intervenção urgente.
A decisão judicial reforça a necessidade de fiscalização rigorosa e responsabilidade plena na condução de espaços destinados ao cuidado infantil, especialmente quando vidas tão frágeis dependem de atenção constante.
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