Em meio aos cânticos religiosos, Ismael tomou a palavra para afirmar que o país precisava de justiça e que “aqueles que abrem covas caiam nelas” — referindo-se, em seguida, diretamente ao ex-presidente. Ele acusou Bolsonaro de ter sido responsável pela abertura de “700 mil covas”, referência às vítimas da Covid-19, e defendeu que o ex-chefe do Executivo fosse julgado e condenado pelas decisões tomadas durante a crise sanitária.
A fala inflamou imediatamente o grupo bolsonarista presente. O ex-desembargador e advogado Sebastião Coelho arrancou o microfone das mãos de Ismael, e a situação rapidamente se transformou em uma expulsão violenta, marcada por empurrões, chutes, tapas e gritos de “filho da put*” e “vagabundo”. O opositor foi arrastado para fora do círculo de oração sob uma enxurrada de insultos.
A Polícia Militar precisou intervir com spray de pimenta para controlar a confusão. Desorientado, Ismael tentou falar com a imprensa, mas mal conseguia abrir os olhos devido ao efeito do gás utilizado na dispersão.
O tumulto acontece num momento em que Bolsonaro enfrenta mais um capítulo de sua crise judicial. O ex-presidente teve prisão preventiva decretada pela Polícia Federal em Brasília e cumpre, desde julho, medida de prisão domiciliar com monitoramento eletrônico. Nos últimos dias, porém, Alexandre de Moraes determinou que a defesa explique, no prazo de 24 horas, o motivo de Bolsonaro ter tentado violar a tornozeleira eletrônica — fato que gerou nova pressão sobre seus advogados.
Moraes também ordenou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste após a apresentação da defesa, ampliando o cerco institucional sobre o ex-presidente.
O episódio da vigília, marcado por agressões físicas e forte radicalização, evidencia o clima explosivo que envolve a militância bolsonarista e revela como o contexto jurídico do ex-presidente tem intensificado tensões políticas e emocionais entre seus seguidores e opositores.
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