quarta-feira, 12 de novembro de 2025

PERÍCIA REVELA MISTURA DE PERFIS GENÉTICOS EM COLCHÕES DE POSTO POLICIAL NO CABO E EXPÕE USO IRREGULAR DO ESPAÇO MILITAR

A investigação sobre o caso de estupro denunciado por uma mulher de 48 anos no posto do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), localizado no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, ganhou novos contornos após a divulgação dos resultados periciais realizados pelo Instituto de Criminalística. O exame, solicitado no âmbito do inquérito que apura a conduta do subtenente da Polícia Militar Luciano Valério de Moura, apontou a presença de fragmentos de sêmen em quatro colchões utilizados no alojamento masculino e também em uma das salas do prédio que abriga a unidade policial. Segundo informações apuradas pelo Diário de Pernambuco, os laudos técnicos revelam que o material genético encontrado pertence a, pelo menos, sete pessoas diferentes, incluindo perfis masculinos e femininos, o que levanta sérias dúvidas sobre a utilização do local para fins exclusivamente funcionais.

Os peritos constataram, ainda, que em um dos colchões havia uma combinação de DNA masculino e feminino, enquanto em outro foi identificada uma mistura de dois perfis masculinos distintos. A descoberta reforça a suspeita de que o espaço — que deveria servir exclusivamente como ponto de apoio para operações de fiscalização e descanso dos policiais de plantão — era utilizado para atividades alheias à rotina institucional. O fato de haver material biológico de múltiplos indivíduos num ambiente restrito a militares acende um alerta sobre a falta de controle e a possibilidade de condutas impróprias dentro das dependências da corporação.

A vítima, que prestou depoimento e reafirmou ter sido violentada dentro do posto policial, relatou que o crime teria ocorrido enquanto ela estava em pé, sem qualquer contato com superfícies ou colchões. Essa circunstância explicaria a ausência de vestígios biológicos que pudessem vincular diretamente o subtenente acusado à cena do crime. O laudo confirma que nenhum dos perfis genéticos detectados nos colchões corresponde ao do militar investigado, o que, segundo fontes ligadas à apuração, não afasta a denúncia, mas amplia o escopo de suspeitas sobre o comportamento e o uso do espaço por outros integrantes da unidade.

A repercussão do caso causou desconforto na cúpula da Polícia Militar, que acompanha as investigações em paralelo ao inquérito conduzido pela Polícia Civil. O BPRv, responsável por fiscalizar o trânsito nas rodovias estaduais, tornou-se foco de questionamentos sobre a estrutura, a supervisão interna e a conduta dos agentes que permanecem de plantão nas instalações. Além do impacto do episódio no andamento do processo que envolve o subtenente, os achados periciais reacenderam o debate sobre a integridade dos espaços públicos administrados por forças de segurança, onde a confiança da sociedade depende não apenas da lei, mas também do exemplo e da disciplina mantidos por seus próprios servidores.

Nenhum comentário: