NA LUPA | ELEIÇÕES 2026
REFORMA MINISTERIAL DE LULA ANTECIPA O CLIMA DAS URNAS
Mesmo faltando mais de um ano para o início oficial da campanha, a eleição de 2026 já pauta decisões centrais do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos bastidores do Palácio do Planalto, a palavra de ordem é planejamento. A avaliação predominante é de que o primeiro escalão do governo passará por uma das maiores reformulações desde o início do terceiro mandato, impulsionada pelo prazo legal de desincompatibilização, que obriga ministros candidatos a deixarem seus cargos até abril de 2026.
Mais do que cumprir a legislação eleitoral, Lula trabalha com um desenho político claro: usar o governo como plataforma para fortalecer palanques estaduais, ampliar bancadas no Congresso e garantir sustentação política para um eventual quarto mandato ou para a sucessão dentro do seu campo político. Nesse tabuleiro, Pernambuco volta a ocupar posição estratégica.
PERNAMBUCO NO CENTRO DA ENGENHARIA POLÍTICA DO GOVERNO
Historicamente decisivo nas eleições nacionais, Pernambuco novamente ganha protagonismo no projeto político do Planalto. Ministros com base eleitoral sólida no estado se preparam para deixar a Esplanada e disputar mandatos, levando consigo visibilidade, articulação política e acesso a prefeitos e lideranças regionais.
Nos bastidores de Brasília, a leitura é de que o desempenho dessas candidaturas será determinante para o equilíbrio de forças no Nordeste, especialmente diante da reorganização dos blocos políticos locais e da disputa antecipada entre projetos nacionais que já começam a se desenhar.
ANDRÉ DE PAULA: O RETORNO AO PARLAMENTO COMO ESTRATÉGIA DO PSD
Entre os nomes praticamente definidos está o do ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula (PSD). A decisão de deixar o ministério para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados é tratada como irreversível. O projeto vai além de uma candidatura individual: trata-se de uma tentativa de reconstrução e fortalecimento do PSD em Pernambuco.
André aposta na sua trajetória política, na capilaridade construída ao longo de décadas e no diálogo intenso com prefeitos, vereadores e lideranças do interior. A passagem pelo ministério, mesmo sendo uma pasta de menor exposição nacional, ampliou sua presença em regiões estratégicas, especialmente no litoral e em municípios ligados à pesca artesanal e à economia do mar.
Internamente, André também é visto como peça-chave na montagem da chapa proporcional do PSD, com a missão de atrair nomes competitivos e transformar o partido em um player mais relevante no cenário estadual e federal.
SÍLVIO COSTA FILHO: ENTRE O PROJETO MAIOR E O CAMINHO SEGURO
À frente do Ministério de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos) vive um dos momentos mais robustos da sua carreira política. Com uma pasta estratégica, responsável por obras estruturantes e investimentos bilionários, Silvio ganhou visibilidade nacional e ampliou seu trânsito político dentro e fora do governo.
O projeto principal é disputar o Senado Federal, sonho antigo do grupo político que lidera. No entanto, a disputa em Pernambuco promete ser uma das mais acirradas do país, com múltiplos grupos buscando espaço e alianças ainda em formação. Por isso, Silvio mantém cautela.
Caso o cenário não se mostre totalmente favorável, a alternativa considerada segura é a disputa pela reeleição à Câmara dos Deputados, onde ele já possui base eleitoral consolidada e menor risco. Em qualquer uma das hipóteses, Silvio será o principal puxador de votos do Republicanos no estado e figura central nas negociações eleitorais de 2026.
WOLNEY QUEIROZ: O AGRESTE COMO TRINCHEIRA ELEITORAL
No Ministério da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT) também se prepara para deixar o cargo dentro do prazo legal. Com trajetória política fortemente ligada ao Agreste pernambucano, Wolney pretende disputar mais um mandato de deputado federal.
A avaliação no PDT é de que sua passagem pelo ministério reforça o discurso de gestor e amplia o alcance junto a segmentos sensíveis do eleitorado, como aposentados, pensionistas e trabalhadores formais. Em um cenário de competição intensa, Wolney surge como um dos principais nomes do partido no estado, responsável por manter o PDT vivo e competitivo no Congresso Nacional.
LUCIANA SANTOS: ENTRE BRASÍLIA, A FEDERAÇÃO E A BASE HISTÓRICA
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB), é uma das figuras mais experientes desse processo. Com trajetória consolidada, forte identidade com a esquerda pernambucana e trânsito entre diferentes correntes políticas, Luciana aparece como candidata natural à Câmara dos Deputados.
Nos bastidores, porém, também se trabalha com a possibilidade de uma candidatura à Assembleia Legislativa de Pernambuco, a depender do desenho das alianças, da estratégia da federação partidária e do cálculo sobre onde seu nome teria maior impacto político. O PCdoB avalia cenários com cautela, consciente de que a decisão terá reflexos diretos na correlação de forças da esquerda no estado.
A DANÇA DAS CADEIRAS EM BRASÍLIA VAI ALÉM DE PERNAMBUCO
LULA ENTRE A GESTÃO E A ELEIÇÃO
Nos bastidores, aliados relatam que Lula pretende segurar seus ministros-candidatos até o limite do prazo legal, garantindo a execução de obras, programas e entregas que possam ser capitalizadas politicamente nos estados. Ao mesmo tempo, o presidente trabalha silenciosamente na montagem de um novo time, capaz de sustentar o governo enquanto o foco político se desloca, inevitavelmente, para as urnas.
2026 JÁ COMEÇOU
A eleição de 2026 ainda não chegou oficialmente, mas já dita o ritmo da política nacional. A reforma ministerial que se aproxima será menos administrativa e muito mais eleitoral. Pernambuco, mais uma vez, assume papel central nesse jogo, com ministros que trocam cargos estratégicos pela disputa direta pelo voto popular.
Cada saída do primeiro escalão carrega um projeto, uma aposta e uma nova correlação de forças. E, como sempre, cada movimento seguirá sendo observado com atenção redobrada. Na lupa.
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