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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

GLAUBER BRAGA SE ISOLA APÓS INVASÃO DE CADEIRA E ALIADOS ADMITEM: “MANDATO FOI ENTERRADO”

A cena que tomou o plenário da Câmara nesta terça-feira (9) ultrapassou o cálculo político e entrou para o campo do ponto sem retorno. A ocupação da cadeira da Presidência por Glauber Braga (PSOL-RJ), em um gesto abrupto e interpretado como afronta direta à condução da Casa, fez desmoronar a última ponte que ainda o ligava a um acordo possível. Petistas próximos ao deputado, que até então nutriram a esperança de evitar a cassação, admitem agora, sem rodeios, que o episódio sepultou qualquer chance de sobrevivência parlamentar.

A matemática antes do tumulto não era totalmente desfavorável ao psolista. A deputada Carla Zambelli (PL-SP), relatora do processo por faltas, indicava rejeição ao pedido e, nos bastidores, a tese de perda do mandato perdia força. Havia espaço político para negociação, até mesmo para que o processo se alongasse, atravessasse o recesso e se desidratasse. Mas Glauber escolheu o confronto — e escolheu ao vivo, diante do plenário, das câmeras e do país.

O ato, descrito por parlamentares como “desespero político” e “autoexpulsão simbólica”, mudou imediatamente o clima. O Centrão, que ainda avaliava votos e calibrava decisões, passou ao modo de disciplinamento, decidido a responder institucionalmente ao gesto. Deputados que evitavam se posicionar publicamente fecharam questão em silêncio. A cassação, que era possibilidade, virou consenso.

Hugo Motta (Republicanos-PB), que presidia a sessão, sustentou postura firme e se viu, paradoxalmente, fortalecido pelo tumulto. E, se a cadeira ocupada era símbolo de autoridade, o gesto acabou devolvendo força justamente àqueles que Glauber pretendia confrontar. Arthur Lira (PP-AL), ainda com o comando informal sobre boa parte da Casa, passou a atuar como avalista dessa reação, alinhando blocos e desmobilizando qualquer sopro de reversão.

A ocupação da Presidência, ato extremo e calculado apenas no campo da indignação, deixou Glauber sozinho — não politicamente, mas matematicamente. Se antes ele era visto como alvo de perseguição, agora suas próprias fileiras o enxergam como protagonista de sua queda. Aliados, que ontem falavam em resistência, hoje falam em desfecho.

No fim, o gesto que pretendia ser denúncia virou sentença. O ato de romper com o protocolo não desmoralizou o sistema, apenas acelerou o julgamento político. Glauber, que sempre construiu sua atuação com intensidade e enfrentamento, encontrou no auge dessa intensidade o ponto preciso da irreversibilidade.

O plenário ainda vai votar. Mas, para os que viram a cena de perto, a cassação deixou de ser hipótese. Tornou-se destino.

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