A informação foi confirmada pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), durante entrevista concedida a uma rádio baiana nesta segunda-feira (22). Segundo o senador, a escolha da data não é casual. Pelo contrário, representa a intenção do presidente de manter viva a memória de um dos episódios mais graves da história recente do país e reafirmar o compromisso do governo com a ordem democrática.
“O presidente Lula quer fazer um ato para que não se apague da memória coletiva aquele dia triste, quando a democracia foi afrontada. Não sei exatamente o dia em que ele assinará o veto, mas isso deve ocorrer até o dia 8 de janeiro”, afirmou Wagner, deixando claro que o Planalto enxerga o gesto como um posicionamento político e institucional.
Apesar das controvérsias que cercam o PL da dosimetria, o líder governista fez questão de ressaltar que não houve qualquer mudança de entendimento por parte do Executivo. Segundo ele, tanto sua posição pessoal quanto a do presidente permanecem inalteradas, independentemente das pressões ou debates em torno da proposta. “Não muda a minha posição, não muda a posição do presidente Lula”, reforçou.
A estratégia de transformar o veto em um ato político já vinha sendo amadurecida internamente. De acordo com Jaques Wagner, o próprio presidente mencionou a ideia durante a última reunião ministerial, realizada na semana passada. Na ocasião, Lula teria solicitado que os ministros estivessem em Brasília na data, repetindo o modelo de solenidade institucional realizado neste ano, quando os três Poderes se reuniram para reafirmar o compromisso com a democracia.
O Palácio do Planalto pretende ampliar o alcance simbólico do evento. Além da presença de toda a equipe ministerial, estão previstos convites aos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP). A participação dos chefes do Legislativo busca reforçar o caráter institucional do ato e sinalizar união entre os Poderes diante de qualquer ameaça ao Estado Democrático de Direito.
Com isso, o governo Lula transforma uma decisão jurídica em um marco político, utilizando a data de 8 de janeiro não apenas como lembrança do ataque à democracia, mas como reafirmação pública de que o país não tolera retrocessos institucionais. O veto ao PL da dosimetria, caso confirmado, deverá entrar para a história como mais um capítulo da reconstrução democrática defendida pelo atual governo.
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