A proposta, que provoca forte reação de setores progressistas e entidades da sociedade civil, altera critérios de aplicação de penas e pode resultar na redução das condenações de envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Para os manifestantes, o texto representa um grave retrocesso institucional e abre margem para a relativização de crimes contra a democracia brasileira.
Maria Arraes chegou ao local sem aparato, caminhou entre os participantes, ouviu relatos, conversou com militantes históricos e jovens ativistas e fez questão de se integrar ao ato antes de assumir o microfone. A deputada subiu ao trio elétrico ao lado de representantes de movimentos sociais, parlamentares e lideranças populares, reforçando o tom político e simbólico da manifestação.
Em seu discurso, a parlamentar adotou uma postura firme e crítica ao Congresso Nacional, especialmente à maioria que aprovou o projeto. Maria Arraes classificou a proposta como inaceitável e alertou para os riscos de se flexibilizar punições para quem atentou contra a ordem democrática. “Não vamos aceitar absurdos como reduzir penas ou anistiar quem tentou contra a nossa democracia. A democracia não é moeda de troca, e a vontade do povo não pode ser tratada com desprezo”, declarou, sob aplausos e palavras de apoio da multidão.
A deputada também destacou a importância do Senado Federal como última barreira institucional para barrar o avanço do projeto. Segundo ela, a mobilização popular é fundamental para pressionar os senadores e impedir que o texto seja aprovado. “Esperamos que o Senado derrube esse PL e reafirme o compromisso com a Constituição e com a memória democrática do país”, completou.
O ato na Rua da Aurora teve forte carga simbólica ao unir memória histórica e resistência política. Para os organizadores, a presença de Maria Arraes reforça o alinhamento de parte do Congresso com as pautas democráticas e a luta contra qualquer tentativa de reescrever, minimizar ou relativizar os ataques de 8 de janeiro.
A mobilização integra uma série de protestos que vêm sendo articulados em várias capitais do país desde a aprovação do projeto na Câmara. A expectativa dos movimentos sociais é ampliar a pressão popular nos próximos dias, levando o debate para as ruas e reafirmando que crimes contra a democracia não podem ser tratados com complacência nem barganha política.
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