A dificuldade do partido bolsonarista começa a ficar evidente na montagem de suas chapas. A pré-candidatura do ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, ao Senado, que chegou a ser tratada como prioridade interna, vai gradualmente perdendo tração e se redesenhando como um projeto de retorno à Câmara dos Deputados, onde ele já possui capital político consolidado. O movimento reflete o realismo imposto pelas circunstâncias: sem alianças robustas e com pouco espaço na majoritária, o PL tende a concentrar esforços onde suas chances são mais concretas.
Situação semelhante vive Gilson Machado, ex-ministro do Turismo e um dos nomes mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar de ainda alimentar o desejo de disputar uma vaga no Senado, ele já reconhece nos bastidores que a falta de uma legenda viável para sustentar essa empreitada torna o projeto improvável. O caminho mais factível, caso queira permanecer competitivo, também aponta para uma candidatura a deputado federal, reforçando a tese de que o partido precisará priorizar a sobrevivência parlamentar em detrimento de voos mais altos.
No campo estadual, o deputado André Ferreira se movimenta com cautela, mas com estratégia definida. A tendência é que ele volte a disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco, reforçando a presença do grupo Ferreira no Legislativo estadual e ajudando o PL a manter uma base mínima de poder institucional.
Diante desse cenário, a construção de uma bancada federal forte passa a ser o principal objetivo do partido em Pernambuco. No entanto, essa estratégia esbarra em um dilema central: para impulsionar candidaturas proporcionais, o PL precisaria lançar um nome próprio ao Governo do Estado, garantindo palanque e visibilidade. A pergunta que ecoa entre dirigentes e aliados é simples e dura: quem topará ir para o sacrifício em uma disputa marcada por uma polarização intensa e praticamente fechada entre João Campos e Raquel Lyra?
A ausência de espaço para um terceiro projeto competitivo torna essa decisão ainda mais complexa. Sem um nome com densidade eleitoral suficiente para romper a polarização, cresce a percepção de que a candidatura própria ao governo seria mais simbólica do que efetiva, servindo apenas como instrumento para fortalecer chapas proporcionais.
Nesse contexto, o caminho que se desenha como mais natural — e pragmático — é o apoio à governadora Raquel Lyra. Ainda que não represente uma aliança ideológica plena, trata-se da opção mais viável para garantir alguma inserção no debate majoritário e evitar o completo isolamento político. Para o PL, a eleição de 2026 em Pernambuco não será sobre conquistar o governo, mas sobre permanecer vivo, organizado e com musculatura suficiente para continuar influenciando o jogo político no estado.
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