A decisão judicial também determinou a transferência da advogada para o Batalhão de Choque da Polícia Militar, em Lauro de Freitas, ou para outra unidade que disponha de cela especial, conforme prevê a legislação para profissionais da advocacia.
O caso integra a Operação Rainha do Sul, deflagrada pelo Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), que mira o núcleo financeiro e o comando operacional da facção. A organização criminosa, segundo a Polícia Civil, atua de forma estruturada na Bahia e mantém vínculos com grupos do Rio de Janeiro e de São Paulo, ampliando sua capacidade logística e financeira.A dimensão da operação revela a força do esquema investigado. Ao todo, foram cumpridos 14 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão nos estados da Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Três dos alvos já se encontravam presos. Entre os investigados estão responsáveis pela contabilidade do tráfico, gerentes territoriais que controlavam áreas estratégicas em cidades como Salvador, Feira de Santana, Lauro de Freitas e Camaçari, além de operadores encarregados do transporte, armazenamento e distribuição de drogas e armas.
As ações resultaram ainda na apreensão de cerca de R$ 1 milhão em joias de ouro e no bloqueio judicial de R$ 100 milhões em contas bancárias ligadas ao grupo. A Justiça também proibiu o uso de bens avaliados em aproximadamente R$ 1 milhão, entre eles sete veículos, uma moto aquática, um haras com cavalos de raça e uma usina de energia solar, considerados instrumentos de lavagem de dinheiro e ostentação do patrimônio ilícito.O caso ganhou repercussão nacional e deverá ser detalhado em reportagem especial do programa Fantástico, da TV Globo, exibida neste domingo (14), com novos elementos da investigação e bastidores da atuação da facção.
Em nota oficial, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Bahia (OAB-BA) informou que o Tribunal de Ética e Disciplina (TED) já analisa a situação da advogada. A entidade ressaltou que atua em duas frentes nesses casos: garantindo as prerrogativas profissionais no momento da prisão e apurando, de forma sigilosa, eventuais condutas incompatíveis com o exercício da advocacia. A OAB destacou ainda que, por força de lei, processos disciplinares tramitam sob sigilo até o trânsito em julgado.
Enquanto a defesa aguarda os próximos desdobramentos, a Polícia Civil considera a Operação Rainha do Sul um passo decisivo para enfraquecer financeiramente uma das organizações criminosas mais estruturadas em atuação no estado, atingindo não apenas seus líderes armados, mas também os bastidores que sustentavam o poder da facção.
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