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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

RAQUEL LYRA RESPONDE CRÍTICAS E DIZ QUE ABRE CAMINHO PARA MAIS MULHERES NA POLÍTICA

A manhã de ontem ganhou outro peso político quando a governadora Raquel Lyra, em meio à coletiva, decidiu responder de forma clara às críticas que rondam sua condução administrativa e seu estilo de liderança. Sem desviar do tema e sem revestir o discurso com frases protocoladas, ela afirmou que não falta política em seu governo, mas sim sobra de um jeito próprio de fazê-la, distante do barulho, da troca pública de farpas e da velha fórmula do compadrio. O recado foi dado, sem rodeios, ao ser questionada por este colunista.

Raquel pontuou que a leitura constante de que “não faz política” nasce, sobretudo, de um olhar ainda resistente a aceitar mulheres em espaços de comando. Suas palavras não vieram em tom de lamentação, mas como um diagnóstico: quando não seguem o roteiro tradicional, quando falam com firmeza e não cedem aos vícios da engrenagem, as mulheres na política continuam sendo tratadas como exceção e não como autoridade legítima. A governadora, porém, manteve o semblante sereno e a voz segura ao afirmar que não se enverga pelo rótulo, tampouco desvia da responsabilidade de governar.

O trecho mais marcante de sua declaração não foi o que rebateu adversários, mas o que apontou para o futuro. Raquel fez questão de reforçar que, apesar dos obstáculos que ainda são maiores para quem nasce mulher e decide disputar poder no Nordeste, espera não ser apenas a primeira, mas a que empurra a porta, destrava o trinco e estica a passarela para que outras possam caminhar sem ter que justificar, todos os dias, o próprio direito de estar ali. A governadora assumiu publicamente o papel que, até então, muitos preferiam tratar apenas nos bastidores: o de ser referência para as próximas.

A resposta de Raquel Lyra não mudou o clima do evento, mas mudou o tom da conversa. Ficou evidente que, para além das críticas, a gestora se posiciona como alguém que sabe onde pisa e que tem consciência de que seu mandato carrega mais do que números, programas e entregas — carrega também o peso histórico de ser mulher, de governar um estado complexo e de enfrentar diariamente o julgamento que não se dirige à sua gestão, mas ao seu gênero. Em sua fala, deixou claro que não busca aplausos, mas espaço. E, ao abrir caminhos, promete não atravessá-los sozinha.

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