A decisão, que vinha sendo ventilada nos bastidores, ganhou contornos definitivos com a publicação de sua carta de renúncia, na qual ele afirma que a mudança de estado não representa ruptura, mas continuidade de um propósito. “Vou para Santa Catarina para cobrir um chamado que não poderia realizar aqui, pois fiz uma escolha sempre guiada pelo meu coração, uma que me levou a um Estado que sempre amei e fez parte da minha vida. Não é uma fuga, é a continuidade de uma luta”, declarou o agora ex-vereador, em tom emotivo e ao mesmo tempo combativo.
A movimentação ocorre em meio a um tabuleiro eleitoral já tensionado pelas disputas internas no PL e pelas projeções de forças conservadoras em estados considerados estratégicos. Em Santa Catarina, a entrada de Carlos Bolsonaro deve mexer significativamente com a prévia composição das chapas e obrigar lideranças locais a recalcular alianças, já que a presença do sobrenome Bolsonaro tende a reorganizar as expectativas de votos e atrair setores que veem no clã uma referência nacional.
No Rio de Janeiro, a saída de Carlos também tem repercussão: além de abrir espaço na Câmara Municipal, ela simboliza uma redistribuição de papéis dentro da família, que passa a projetar cada vez mais seus membros para disputas federais. Analistas avaliam que o movimento articula um reforço de presença nacional visando 2026, com o bolsonarismo tentando ocupar simultaneamente espaços no Congresso e manter influência direta nas pautas conservadoras que ganharam força nos últimos anos.
A escolha por Santa Catarina não é aleatória. O estado foi um dos que mais deram votos a Jair Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais e tem um eleitorado identificado com pautas de segurança, conservadorismo e antipetismo — pontos que dialogam diretamente com a atuação e o discurso de Carlos. A expectativa é de que sua campanha mobilize caravanas, atos públicos e a militância digital, área onde o vereador sempre teve protagonismo e influência.
Com a renúncia oficializada, o movimento agora é de preparação. A candidatura ao Senado em um dos redutos mais competitivos do bolsonarismo promete ampliar disputas internas, gerar reposicionamentos e colocar Carlos Bolsonaro, figura de bastidores e estrategista das redes, sob os holofotes de uma corrida eleitoral de alta tensão. O gesto, porém, revela o que o próprio ex-vereador fez questão de frisar: não é despedida, é transição — e, para seus apoiadores, o início de um novo capítulo de um projeto político que pretende seguir vivo e influente no cenário nacional.
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