O impasse começou após a votação da LOA no plenário. Enquanto Álvaro Porto publicou a versão aprovada pelos deputados, a governadora Raquel Lyra sancionou uma outra versão da lei, mantendo vetos considerados estratégicos pelo Palácio do Campo das Princesas. Entre os pontos mais sensíveis está o percentual autorizado para remanejamento orçamentário: o texto aprovado pela Alepe limita o Executivo a 10%, enquanto o Governo defende a elevação para 20%, alegando maior flexibilidade para a gestão fiscal ao longo do ano.
Diante da decisão do presidente da Alepe de arquivar os vetos por meio de ato individual, Socorro Pimentel reagiu com dureza. Em nota oficial, a líder governista afirmou que o recurso foi apresentado dentro do prazo regimental e classificou a medida como uma tentativa “unilateral, autoritária e sem respaldo jurídico” de impedir que o veto seja apreciado pelo plenário da Casa.
Segundo a deputada, tanto a Constituição quanto o Regimento Interno da Alepe são claros ao atribuir ao conjunto dos 49 parlamentares a competência exclusiva para analisar, manter ou derrubar vetos do Executivo. Para ela, ao barrar essa discussão, a Presidência estaria usurpando prerrogativas do Parlamento e ferindo o princípio da colegialidade, base do funcionamento do Poder Legislativo.
O discurso adotado por Socorro Pimentel também ressalta o impacto institucional da controvérsia. A parlamentar afirma que o arquivamento do veto compromete o regular andamento do processo legislativo e representa um desrespeito não apenas aos deputados, mas à população pernambucana, que espera decisões transparentes, democráticas e alinhadas à legalidade.
No recurso, a líder do Governo sustenta que o plenário deve ser reconhecido como instância máxima de deliberação da Assembleia, sobretudo em matérias de alta relevância, como o orçamento estadual. A LOA, afinal, define as prioridades de investimento, a execução de políticas públicas e o funcionamento da máquina administrativa ao longo do ano seguinte.
Ao final da nota, Socorro Pimentel reforça que a base governista seguirá adotando todas as medidas políticas e institucionais necessárias para preservar o Regimento Interno da Alepe, defender a autonomia do Legislativo e evitar que decisões individuais coloquem em risco a execução do orçamento e a continuidade de políticas públicas consideradas essenciais para Pernambuco.
O episódio amplia a tensão entre Executivo e Legislativo e indica que a LOA de 2026 ainda será palco de novos capítulos, com possíveis reflexos no equilíbrio de forças dentro da Assembleia e na relação política entre o Governo Raquel Lyra e a atual Mesa Diretora da Casa.
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