A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, sugeriu neste sábado que a família de Eloá Pimentel também teve sua parcela de culpa ao permitir o envolvimento da adolescente com Lindemberg Alves, condenado na última quinta-feira a mais de 98 anos pelo assassinato da jovem.
"Vejam o que é a morte da menina Eloá. Uma situação absurda, que revolta o povo brasileiro, mas em todos os noticiários vemos que aquele que matou a Eloá entrou na sua casa e pediu autorização para a sua família para ter uma relação (namoro) com ela, que tinha 12 anos (na época)", disse a ministra.
Ao condenar a atitude de Lindemberg, que matou Eloá em outubro de 2008, Maria do Rosário destacou que a família não deveria ter permitido o envolvimento deles. "Ele é responsável pelos seus atos e pelo crime. Foi condenado a mais de 98 anos de prisão e eu acho que foi feita justiça, mas quero dizer que nenhuma família, ninguém, deve permitir que crianças estejam mantendo relações. As crianças brasileiras tem que ser mais protegidas pelos seus pais e suas mães", declarou a ministra.
O "desabafo", conforme classificou Maria do Rosário, foi um alerta para que a sociedade assuma sua responsabilidade na proteção das crianças e adolescentes. Pela legislação brasileira, cabe ao Estado, à sociedade e à família zelar pelo bem-estar e pelos direitos dos jovens.
"Será que é possível que pais e mães não estejam atentos (para o fato de) que com 12 anos de idade não é possível que os meninos e as meninas estejam sexualizados precocemente?", indagou a ministra. "O governo federal, os municípios e os estados estão trabalhando muito para formar a rede de proteção (às crianças e aos adolescentes), mas precisamos que a sociedade esteja mais atenta", cobrou a ministra.
Questionada sobre qual seria a idade apropriada para que pais autorizassem seus filhos a namorar, a ministra evitou dar sua opinião pessoal e respondeu com de acordo com a lei. "Não sou eu que julgo isso, mas a legislação diz que com menos de 14 anos, qualquer relação sexual é uma violação e um estupro de vulneráveis. E não basta fazermos leis. É preciso que todos as cumpram. Por isso, estou chamando a atenção para esse aspecto", ressaltou a ministra.
"Precisamos não só de governos mais atentos - e estamos tentando fazer nossa parte -, mas também de pais e mães mais atentos, cuidadores e sociedades mais atentos. A sociedade tem que fazer sua parte. Se vocês tiverem dúvidas sobre se uma menina ou um menino está sofrendo um abuso, sigam a intuição e denunciem. Busquem o apoio do Disque 100, do Conselho Tutelar, da polícia. Se, na dúvida, não denunciamos (um caso suspeito), uma criança pode ser morta ou abusada."
Com informações da Agência Brasil