*Paulo Muniz
Passados mais de duzentos dias da nova gestão do prefeito Evandro Chacon, podemos apreciá-la e dela tirarmos alguns conceitos.
Seria crível dizer que ela, a gestão, não tem cara e nem coração. Falta-lhe, absolutamente, uma identidade. Avaliava-se que já tendo administrado a sua cidade por dez anos, mesmo, em períodos distintos, o prefeito fosse implementar ações efetivas e contundentes. Nada disso foi visto, até o presente.
Tendo obtido uma vitória, considerada por muitos, como consagradora, pois teve um percentual de 47% dos votos efetivamente válidos. E tendo concorrido com o ex-prefeito João Eudes e a prefeita Cleide, candidata à reeleição, a vitória lhe dá um cabedal muito maior, creio eu.
À luz dos fatos, o primeiro grande impasse se deu na formação da equipe. Houve um vacilo da parte do gestor e uma discrepância entre o discurso proferido na hora da posse com a realidade saída da campanha.
Os que “ganharam” queriam uma mudança radical, enquanto o prefeito aliava-se à moderação, com ênfase à competência, indiferente aos que tivessem votado nele ou não. A meu ver, aí se deu o primeiro de vários incidentes, e até mesmo, acidentes de percurso.
Os que assistiram a posse viram e ouviram claramente quando o prefeito empossado fez alguns afagos de gentileza e cortesia à prefeita que deixava o cargo. Esse gesto, inclusive, conteve a sanha anarquista que alguns mais afoitos ensaiaram, mas não teve maior repercussão. Quem conhece o prefeito Evandro Chacon, até de ouvir dizer, sabe que ele é, de fato, um homem muito educado.
Houve diversas improvisações no quadro de nomeação inicial de secretários. Isso em nada ajudou, uma vez que quem não estava nessa tal improvisação se sentiu mais prestigiado e aí se formou uma “casta” de áulicos e outra de temporários.
Um dos que parecem ter sido vítimas desse momento foi o vice-prefeito Luciano Benone, que estava à frente da Secretaria de Serviços Públicos. Ele provou da sanha de um componente da “casta” que está sendo chamado de “primeiro ministro” e não adota limites para seu campo de atuação.
Na rearrumação ficou nítido esse conflito de interesses e prevaleceu quem se mostrou mais eficaz na luta para se impor. Há uma carência visível de sintonia no seio da equipe de secretários e esse desajuste está interferindo no possível sucesso do trabalho que, infelizmente, ainda não aconteceu.
Escreveu o colunista Fernando Castilho ao se referir à gestão Geraldo Júlio, no Recife: “Como diz a sabedoria popular, o ruim de uma campanha emocionante é que sobram quatro anos para o eleito se explicar pelo que não fez”.
O governo de Evandro Chacon tem uma coisa que me agrada muito: não vive “fabricando” factoides. Também, não está inaugurando ideias. O prefeito fala com bastante conhecimento de causa e efeito. Adicione-se aos atropelos da sua equipe o período atípico, provocado pela longa estiagem que se abateu sobre a nossa região e que aos poucos se dissipa.
Deu uma melhorada na saúde, mas a educação é uma incógnita. Precisa enfrentar um grave problema que é a ocupação irregular das calçadas do centro da cidade e o mais temível dos problemas: disciplinar as áreas de estacionamentos.
As praças Dom José Lopes, Jurandir de Brito e Getúlio Vargas, mais a Duque de Caxias e a Barão de Vila Bela, clamam por uma urgentíssima intervenção. Todos saem perdendo com essa desarrumação.
Uma ação enérgica e inteligente para coibir os abusos dos mototaxistas, mesmo entendendo que hoje eles prestam um serviço que se tornou necessário, mas têm que ter limites em tudo: pontos e conduta. Acho que já é tarde e atrasado a adoção de um sistema semelhante ao implantado em Arcoverde de Zona Azul.
No tocante a política, o prefeito tem uma boa convivência com a Câmara de Vereadores e isso resultou numa maioria substancial cujo resultado dessa folga é uma pressão acentuada dos edis por cargos no Executivo, além, claro, das demandas normais que faz o dia-a-dia de um vereador.
*Consultor.