Famílias protestam para que alunos autistas tenham monitores especializados em escolas de Garanhuns Ato na Câmara de Vereadores de Garanhuns buscou chamar a atenção para a importância do acompanhamento em sala de aula de crianças e adolescentes diagnosticados com o transtorno. Prefeitura diz que vai qualificar atendimentos
Um grupo de mães fez uma manifestação nas dependências da Câmara de Vereadores de Garanhuns, na última quarta feira, dia 08/02 para chamar a atenção sobre a falta de monitores especializados para crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista (TEA) nas escolas da rede municipal. A ausência deste profissional (também chamado de cuidador), que é responsável pelo acompanhamento do estudante e auxílio ao professor em sala de aula, é apontada pelas famílias como um obstáculo para o aprendizado e o desenvolvimento das crianças com autismo e na inclusão delas com os demais colegas na sala de aula.
Durante o protesto, mães e representantes de entidades se revezaram durante a reunião com cartazes e pedidos para solicitar que a Lei federal que foi sancionada em 2012 a 12.764/12, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, a lei que por sinal ganhou o nome da ativista pelos direitos dos autistas e coautora da proposta, Berenice Piana seja atendida pelo município. A legislação específica que as pessoas com autismo (que não é uma doença, e sim um transtorno) possuem os mesmos direitos de pessoas com deficiência. Por isso, também precisam de profissionais especializados para acompanhamento em sala de aula. Para resolver a demanda, seriam necessários monitores para a Educação Infantil na cidade — não há um levantamento para o quadro necessário para a demanda. Atualmente, para solicitar um monitor para o filho na sala de aula, as famílias apresentam o laudo médico, via escola, para uma equipe da Secretaria de Educação, logo na matrícula que avalia caso a caso.
De acordo com informações, os servidores da secretaria de Educação examinam como é a independência da criança, entendendo se ela consegue se locomover, se alimentar e ir ao banheiro sozinha, por exemplo. Para ela, esses pré-requisitos não contemplam todas as necessidades.
— Se ela (criança) consegue fazer essas atividades normalmente, a Secretaria de Educação não autoriza a monitoria. Mas entendemos que vai muito além disso, envolve a condução desse ser, que é vulnerável, e tem menos capacidade de se proteger. Precisa, sim, ter um olhar muito particularizado, até mesmo para questões de aprendizado. O que temos hoje é a monitoria simplificada a questões como locomoção e alimentação, por exemplo.
Em casos onde a monitoria é autorizada, famílias relataram que existem casos onde há uma falta de conhecimento dos profissionais, quando algum aparece, sobre como uma criança com autismo deve ser acompanhada em sala de aula.
— A gente sente falta de monitores preparados para o dia a dia dos nossos filhos. Entendo que é um descaso, que estamos tentando conversar com o poder público, mas sempre dizem que não há recursos, que vão tentar fazer algo, mas de fato a gente não vê nenhuma medida concreta — diz Rosangela Moraes, mãe de uma criança com o transtorno.
— Meu filho não consegue ficar em locais fechados, ele fica nervoso quando precisa ficar acondicionado em um mesmo espaço por muito tempo. Preciso que ele tenha um acompanhamento exclusivo. Como ele não tem interesse em fazer as atividades, acaba ficando muito sozinho e não se desenvolvendo como deveria ser no ambiente da escola — conta.
Para ela, que precisa deixar seu filho na escola diariamente para poder trabalhar, destinar algumas horas do dia para reivindicar o direito das crianças é a única saída. Estamos amparados na lei, uma Lei Federal que protege nossos filhos com direito a educação, transporte, assistência pedagógica, saúde e serem inseridos no meio, não estamos pedindo nada além dos nossos direitos.
Na reunião Ordinária da Câmara inclusive houve um princípio de tumulto entre a mãe e um vereador que elogiava os investimentos de educação no município, que segundo ele seria uma das cidades que mais investem em educação em Pernambuco.
— Meu filho tem momentos de surto, onde ele não era compreendido pelos outros alunos e também pelos professores. Ele precisa ser acompanhado de forma especializada. Por conta dessa necessidade do monitor, lutamos de todas as formas e nunca tivemos retorno da Secretaria de Educação. - afirma
"Estou aqui (na manifestação) por mim e pelas outras mães que sofrem pela mesma situação"— desabafou Rosângela.
SEGUE O VIDEO DA BLOGUEIRA DIRLEN LOPES :
Desde já, nos colocamos à disposição da PMG, da Secretaria de Educação e da Câmara de Vereadores para eventuais esclarecimentos.