O Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE) emitiu um parecer que acendeu um alerta sobre a Câmara Municipal de Água Preta, situada na região da Mata Sul do estado, ao apontar graves falhas em seu portal de transparência. Segundo a auditoria realizada pelo órgão, a Câmara, sob a presidência de Antônio Damião, apresentou níveis de conformidade com as exigências de transparência pública que ficaram aquém do esperado. De acordo com os dados, o portal da Câmara atendeu apenas 40% dos critérios em 2023, e, em 2024, houve uma leve melhoria, atingindo 48%. No entanto, esses números indicam um desempenho muito abaixo do necessário, refletindo a ausência de informações cruciais que deveriam estar acessíveis à população, como contratos, despesas e relatórios detalhados sobre a execução orçamentária.
Essa falha na atualização e na divulgação de informações públicas fere diretamente a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a Lei de Acesso à Informação, que garantem ao cidadão o direito de saber como os recursos públicos estão sendo utilizados. A transparência é um dos pilares da gestão pública e qualquer lacuna nesse aspecto compromete a confiança e a credibilidade da instituição frente à sociedade. Diante desse cenário, o TCE-PE decidiu pela aplicação de multas tanto ao presidente da Câmara, Antônio Damião, quanto ao controlador José Roberto de Gusmão. A penalidade surge como uma tentativa de responsabilizar os gestores pela ineficiência no cumprimento das normas que visam assegurar a clareza nas ações da administração pública.
O Tribunal destacou ainda que essas falhas de transparência não apenas violam a legislação vigente, como também privam a comunidade de Água Preta de um direito fundamental: o de fiscalizar e acompanhar os gastos públicos de sua própria cidade. A ausência de informações fidedignas compromete o controle social e favorece a opacidade, gerando uma desconexão entre os representantes eleitos e os eleitores.
Embora a decisão do TCE seja um marco importante no controle da gestão pública, ainda cabe aos responsáveis o direito de contestá-la, seja por meio de recursos ou pela correção das irregularidades apontadas. Essa possibilidade de contestação abre espaço para um debate mais profundo sobre a transparência e as práticas de gestão, evidenciando que, apesar de a tecnologia permitir um acesso mais amplo e facilitado às informações públicas, sua implementação e manutenção eficazes ainda enfrentam desafios.
Esse episódio reforça a importância de um olhar mais atento sobre o funcionamento das casas legislativas, especialmente em municípios menores, onde a proximidade entre gestores e comunidade poderia, em tese, facilitar o fluxo de informações. O caminho para uma gestão mais aberta e transparente ainda requer não apenas cumprimento legal, mas também um compromisso ético com a população que elege seus representantes na expectativa de serem ouvidos e informados com clareza e precisão.