A inquietação que atravessa Pesqueira ganhou força nos últimos dias, impulsionada pelo clamor dos estudantes universitários que dependem do transporte gratuito para Arcoverde. Às vésperas do início do período letivo, a decisão da Prefeitura de retirar o serviço intermunicipal e substituí-lo por uma ajuda de custo gerou indignação e mobilizou alunos nas redes sociais. Com argumentos que apontam para impactos diretos na permanência no ensino superior, a mobilização cresce a cada nova manifestação de estudantes que temem ver o sonho da graduação ameaçado por uma mudança que não contempla a realidade financeira de todos.
O transporte sempre foi uma ponte essencial entre Pesqueira e Arcoverde, garantindo o deslocamento diário de jovens que buscam um futuro melhor por meio da educação. Para muitos, o acesso à universidade depende da continuidade desse serviço, que assegura não apenas a presença em sala de aula, mas também a possibilidade de conciliar os estudos com a rotina de trabalho, uma realidade comum entre os universitários que precisam contribuir com a renda familiar. O anúncio da substituição por um auxílio financeiro, no entanto, trouxe mais incertezas do que soluções.
A principal crítica levantada pelos estudantes é que a ajuda de custo proposta pelo governo municipal não atenderá a todos os usuários do transporte, o que resultará na exclusão de parte dos beneficiários. Com a decisão, alguns alunos precisarão arcar integralmente com os gastos diários, enfrentando o peso de um orçamento apertado e as dificuldades impostas pelo cenário econômico. A preocupação se estende não apenas ao impacto financeiro imediato, mas também ao risco de evasão, uma vez que, para muitos, as despesas adicionais podem se tornar um obstáculo intransponível.
Nas redes sociais, a nota de repúdio assinada pelos “Estudantes de Pesqueira-PE” circula amplamente e evidencia o sentimento de revolta que se espalha entre os jovens. O texto ressalta que “ter um emprego não significa ter condições financeiras diárias para arcar com o transporte”, uma afirmação que sintetiza a dura realidade de estudantes que conciliam trabalho e estudo, muitas vezes em empregos informais ou com baixa remuneração. A reivindicação é clara: a continuidade do transporte gratuito é essencial para garantir que todos possam seguir em busca de um diploma sem que a falta de recursos se torne um impeditivo.
A mobilização já ultrapassou os muros da universidade e tem repercutido na comunidade local, onde pais, professores e moradores acompanham com apreensão o desenrolar da situação. Para muitos, a decisão de modificar um serviço consolidado sem um diálogo mais amplo com os usuários levanta questionamentos sobre as prioridades da gestão municipal no que diz respeito ao incentivo à educação. O transporte intermunicipal sempre foi visto como um investimento na formação de profissionais que, no futuro, poderão contribuir para o desenvolvimento da própria cidade, e a retirada do benefício soa como um retrocesso para quem defende o acesso ampliado ao ensino superior.
Diante da pressão crescente, o prefeito de Pesqueira, Marcos Cacique, decidiu manter a retirada do transporte gratuito, reafirmando a proposta da ajuda de custo como alternativa para os estudantes. A decisão não atendeu às reivindicações do movimento estudantil, que segue mobilizado na tentativa de reverter a medida. A falta de um posicionamento mais detalhado da gestão sobre os critérios para a distribuição do auxílio financeiro e o impacto real da mudança para os estudantes mais vulneráveis mantém as incertezas no ar.
Apesar da manifestação da Prefeitura, os estudantes continuam organizando protestos e buscando apoio de outras instituições na tentativa de sensibilizar as autoridades para a importância do transporte público estudantil. Enquanto isso, a comunidade segue acompanhando de perto os desdobramentos dessa decisão, que poderá impactar diretamente o futuro acadêmico de muitos jovens pesqueirenses.