Um dos movimentos mais emblemáticos desse novo ciclo ocorreu nesta segunda-feira (7), com a filiação de Andrea Medeiros, primeira-dama de Jaboatão dos Guararapes, ao PSD. O ato político contou com a presença da governadora Raquel Lyra, presidente estadual do partido, selando uma aliança simbólica que extrapola as barreiras institucionais. A escolha de Andrea por uma legenda diferente da do marido, Mano Medeiros — que está no PL — sinaliza uma estratégia própria e cuidadosamente desenhada, mirando não apenas o eleitorado do segundo maior colégio eleitoral do estado, mas também o entorno político da gestão estadual. A decisão de Andrea revela um esforço por construir uma identidade política própria, ainda que amparada no capital eleitoral robusto do esposo, reeleito em 2024 com mais de 180 mil votos. O número expressivo — mais que o dobro da segunda colocada — dá a Andrea uma base segura para se apresentar como uma candidata viável e competitiva, especialmente num partido como o PSD, que atualmente não conta com nenhum assento na Assembleia.
Enquanto isso, no Agreste, outra primeira-dama se movimenta para ampliar sua presença política além dos limites municipais. Viviane Facundes, mulher do prefeito de Gravatá, Padre Joselito (Avante), não apenas divide o lar com o gestor, como também ocupa a pasta de Obras e Serviços Públicos do município, sendo figura constante em inaugurações, eventos e ações de governo. Sua exposição pública aumentou significativamente nos últimos meses, especialmente após sua participação no São João de Gravatá, onde subiu ao palco ao lado de Wesley Safadão e foi elogiada por sua performance musical. A cena viralizou nas redes sociais e consolidou sua imagem como uma personalidade carismática e próxima da população. No entanto, sua trajetória não é isenta de polêmicas: em 2023, ela foi alvo de uma denúncia de suposto nepotismo, o que resultou em um afastamento temporário de suas funções após decisão judicial. Apesar do revés, a volta ao cargo e a manutenção de sua atuação pública indicam que o episódio não minou sua pretensão de disputar uma vaga na Assembleia.
Esse movimento das primeiras-damas reflete uma realidade nacional em que a política local serve de trampolim para projetos estaduais, especialmente quando se tem ao lado um gestor bem avaliado. Em Pernambuco, onde a maioria das campanhas legislativas depende fortemente do enraizamento municipal e da transferência de votos, as esposas de prefeitos se tornam candidatas naturais diante da combinação entre estrutura, visibilidade e familiaridade com o eleitorado. A tendência também marca um reposicionamento estratégico das mulheres nos espaços de poder, agora não apenas como coadjuvantes de bastidores, mas como protagonistas no jogo eleitoral. Se confirmadas as candidaturas, Andrea Medeiros e Viviane Facundes vão testar sua força nas urnas, impulsionadas por redes políticas familiares, popularidade crescente e o desejo de traduzir a experiência municipal em voz ativa no Legislativo estadual. A entrada dessas figuras femininas amplia o leque de apostas dos partidos e pode alterar significativamente a composição da Alepe, dando rosto novo a uma casa que ainda busca equilíbrio entre tradição e renovação.
