Até o início da noite desta sexta-feira, nenhum dos filhos de Jair Bolsonaro havia se manifestado publicamente sobre a prisão. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) optaram por ignorar o assunto em suas redes sociais, adotando uma postura que aliados interpretam como cautela diante da gravidade do caso e de seus possíveis desdobramentos jurídicos e políticos.
Pré-candidato à Presidência da República, Flávio Bolsonaro preferiu direcionar sua comunicação para temas eleitorais e institucionais. Em suas redes, destacou o resultado de uma pesquisa do instituto Paraná Pesquisas, divulgada no mesmo dia, que aponta empate técnico entre ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um eventual segundo turno das eleições de outubro. A estratégia foi vista por observadores como uma tentativa de manter o foco na construção de sua imagem nacional e evitar associação direta com um aliado investigado por supostos atos ilegais.
Além do cenário eleitoral, o senador também comentou o relatório da Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que aborda a situação da liberdade de expressão no Brasil. Flávio ressaltou trechos do documento que, segundo ele, reforçam críticas a decisões do Judiciário brasileiro, tema recorrente no discurso bolsonarista e considerado mais seguro politicamente do que se posicionar sobre a prisão de Silvinei.
Carlos Bolsonaro, por sua vez, que se prepara para disputar uma vaga no Senado por Santa Catarina, concentrou suas publicações exclusivamente em informações sobre o estado de saúde do pai. Jair Bolsonaro segue em recuperação após uma cirurgia para correção de duas hérnias inguinais, e Carlos tem utilizado suas redes para divulgar boletins e mensagens de apoio, evitando qualquer menção ao episódio envolvendo o ex-diretor da PRF.
Já Eduardo Bolsonaro, atualmente vivendo nos Estados Unidos e frequentemente descrito por adversários como “autoexilado”, manteve silêncio completo nesta sexta-feira. Nenhuma postagem foi feita em seu perfil no X (antigo Twitter). Na véspera, porém, ele havia agradecido publicamente ao presidente da Argentina, Javier Milei, por compartilhar uma postagem em defesa da candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência da República, gesto que reforça a articulação internacional do grupo bolsonarista, mas que também contrasta com a ausência de comentários sobre a prisão de um aliado histórico.
A postura adotada pelos filhos de Jair Bolsonaro evidencia um movimento coordenado de evitar desgaste político em um momento considerado sensível para o grupo. Silvinei Vasques ganhou notoriedade nacional durante as eleições de 2022, quando a atuação da PRF no dia do segundo turno foi duramente criticada e passou a ser investigada por suspeitas de interferência no processo eleitoral. Sua prisão fora do país reacende o debate sobre possíveis responsabilidades políticas e institucionais.
Enquanto isso, o silêncio do clã Bolsonaro segue sendo interpretado como um cálculo político: preservar projetos eleitorais, evitar novas crises de imagem e aguardar o desenrolar dos fatos antes de qualquer posicionamento público. Nos bastidores, a expectativa é que a estratégia se mantenha ao menos até que haja maior clareza sobre os rumos do caso e suas consequências no cenário político nacional.