Na entrevista, Eduardo declarou que não se sente seguro para regressar ao país enquanto, segundo suas palavras, “Alexandre de Moraes tiver força para me prender”. Ele afirma que sua decisão é uma forma de sacrifício pessoal, justificando a permanência nos Estados Unidos como uma missão em defesa daquilo que considera ser a liberdade ameaçada no Brasil. “Por ora, eu não volto. A minha data para voltar é quando Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender”, reforçou o deputado, que já atuou como uma das vozes mais influentes da direita no Congresso Nacional. Para ele, o ambiente jurídico atual representa uma ameaça direta a sua liberdade e ao exercício parlamentar, tornando insustentável a volta ao país.
Eduardo Bolsonaro também declarou que está disposto a enfrentar as consequências de sua escolha, inclusive a perda de seu mandato. “Se for o caso de perder o mandato, vou perder o mandato e continuar aqui”, afirmou. Para ele, a atuação política que vem desenvolvendo nos Estados Unidos, embora não institucional, teria, segundo diz, um alcance maior do que o que poderia ser exercido dentro do Parlamento brasileiro. A declaração chama a atenção por evidenciar uma postura de ruptura com as normas convencionais do sistema democrático brasileiro, ao passo que reforça a narrativa de suposta perseguição contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante a entrevista, o deputado também pontuou que sua influência política já não depende mais do mandato. Ele sustenta que o diploma parlamentar deixou de ser essencial para que ele possa abrir portas no exterior, especialmente nos círculos de direita e conservadorismo internacional. “Eu não preciso mais de um diploma de deputado federal para abrir portas e os acessos que tenho aqui”, disse, referindo-se às articulações que realiza nos Estados Unidos com instituições, lideranças conservadoras e think tanks de direita. Essa declaração acentua a percepção de que Eduardo busca consolidar um papel de liderança ideológica internacional, mesmo afastado fisicamente e institucionalmente do Brasil.
A posição de Eduardo Bolsonaro ocorre em meio a um cenário de crescente tensão entre figuras da extrema direita brasileira e o Supremo Tribunal Federal, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, que tem conduzido investigações sensíveis envolvendo o entorno bolsonarista. A fala do deputado fortalece o discurso de enfrentamento ao STF, ao mesmo tempo em que coloca em xeque os limites do mandato parlamentar frente às responsabilidades legais e constitucionais. Com a possibilidade de não retorno e consequente perda de mandato, a Câmara dos Deputados poderá em breve ser provocada a se posicionar oficialmente sobre a situação, o que pode gerar uma nova crise institucional entre os Poderes da República.
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