A movimentação no STF ocorre em meio a um clima de tensão internacional, acentuado pela carta recentemente enviada por Donald Trump ao governo brasileiro, em tom considerado por analistas como intimidador. No entanto, a resposta institucional do Brasil, representada pelas ações do Supremo e da Procuradoria, sinaliza que o país não está disposto a ceder a pressões externas diante da gravidade das acusações. Fontes do STF revelam que ministros da Corte já discutem a possibilidade de aplicar penas severas, não apenas a Bolsonaro, mas também a generais da reserva e figuras-chave que integravam seu círculo mais próximo.
No Congresso Nacional, o reflexo dessa tensão também foi imediato. A Câmara dos Deputados, que até a semana passada ensaiava colocar em pauta um controverso projeto de anistia para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, recuou diante do novo ambiente. O presidente da Casa, Hugo Motta, justificou a retirada da proposta afirmando que “não há clima político” para avançar com o texto, especialmente após a escalada diplomática provocada pelas ações norte-americanas e os desdobramentos judiciais internos.
Nos bastidores da Esplanada dos Ministérios, parlamentares ligados ao centrão demonstraram preocupação com a velocidade dos acontecimentos. Avaliações preliminares indicam que a insistência em discutir anistia neste momento poderia ser interpretada como afronta à independência do Judiciário. Além disso, o desgaste internacional do ex-presidente, somado à perda de apoio no Congresso e ao cerco judicial, começa a afastar antigos aliados.
Enquanto isso, movimentos sociais e entidades da sociedade civil acompanham de perto os desdobramentos e intensificam cobranças por justiça e responsabilização. Com a base jurídica fortalecida por relatórios da Polícia Federal, depoimentos de delatores e gravações sigilosas, o processo contra Bolsonaro caminha para um desfecho que pode marcar um divisor de águas na história democrática do país. A expectativa é que o julgamento seja retomado ainda neste semestre, com sessão plenária transmitida ao vivo e atenção redobrada da imprensa nacional e internacional.
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