quinta-feira, 7 de agosto de 2025

ALCOLUMBRE SE MANTÉM IRREDUTÍVEL E FREIA INVESTIDA CONTRA ALEXANDRE DE MORAES, MESMO SOB PRESSÃO DA MAIORIA NO SENADO

Em meio ao ambiente de crescente tensão entre os Poderes da República, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), decidiu não ceder à pressão de senadores e deputados bolsonaristas que pedem o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (6) pelo senador Cid Gomes (PSB-CE), após uma reunião estratégica com lideranças partidárias, e expõe mais uma vez a delicada balança institucional que envolve Congresso, STF e Planalto. Segundo Gomes, a resposta de Alcolumbre foi direta e firme: “Não há hipótese de que eu coloque para votar essa matéria”, encerrando momentaneamente qualquer expectativa da oposição de ver a denúncia avançar no Parlamento. A resistência de Alcolumbre ocorre em um momento em que a oposição bolsonarista intensifica seus atos de provocação institucional. Na terça-feira (5), deputados do PL protagonizaram uma cena incomum na história recente da República: ocuparam a mesa diretora da Câmara dos Deputados em protesto contra a decisão do ministro Moraes que decretou prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida judicial reacendeu as disputas entre os Poderes e deflagrou uma nova rodada de tentativas de obstrução legislativa.

Na Câmara, o presidente interino Hugo Motta (Republicanos-PB) articulou um acordo de bastidores e conseguiu encerrar a mobilização. Já no Senado, Alcolumbre adotou um caminho mais rígido: optou por uma sessão remota nesta quinta-feira (7), esvaziando o plenário e minando qualquer ação coordenada da oposição para tumultuar as votações. O gesto revelou uma estratégia calculada para preservar o funcionamento da Casa e, ao mesmo tempo, sinalizar institucionalidade ao Judiciário. Apesar disso, a base bolsonarista tenta manter viva a ofensiva contra Moraes. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou já ter conseguido 41 assinaturas de senadores favoráveis à abertura do processo de impeachment do ministro — número expressivo, que revela um descontentamento latente, mas ainda insuficiente para atingir os 54 votos necessários para levar o caso adiante. Contudo, mesmo que tivesse apoio numérico, a tramitação depende do aval da presidência do Senado, que segue blindada por Alcolumbre. A recusa do senador em pautar o tema expõe uma divisão cada vez mais clara entre os que desejam confrontar o STF e os que buscam preservar a estabilidade institucional, ainda que a custo de impopularidade com determinadas bases eleitorais. Ao rechaçar a abertura do processo contra Moraes, Alcolumbre acende um novo foco de disputa interna no Congresso, especialmente diante do avanço de setores que pretendem romper com o equilíbrio entre os Poderes.

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