O movimento não se restringiu ao mercado comercial. O dólar turismo, utilizado por viajantes para transações no exterior, também apresentou retração significativa. A moeda norte-americana foi vendida a R$ 5,564, representando uma baixa de 0,64% no dia. Com isso, a moeda acumula recuo de 1,09% na semana e já mostra uma desvalorização próxima de 13% em 2025. A trajetória indica que o real vem ganhando força diante da turbulência política interna e do cenário externo que se desenha com expectativa de mudança na política monetária dos Estados Unidos.
Apesar da euforia cambial, a Bolsa de Valores de São Paulo não acompanhou o mesmo ritmo. O Ibovespa registrou queda de 0,61%, encerrando as negociações do dia aos 142.271 pontos. O movimento reflete a cautela de investidores que, embora percebam um alívio momentâneo no câmbio, ainda demonstram insegurança em relação à estabilidade política do Brasil e ao ambiente internacional. Analistas destacam que o mercado de ações tende a ser mais sensível a riscos de médio e longo prazo, e a condenação de uma figura central da política brasileira amplia as incertezas sobre o futuro.
Especialistas do setor financeiro afirmam que a forte desvalorização do dólar está associada a uma combinação de fatores. A decisão do STF foi interpretada por parte dos agentes como um sinal de fortalecimento institucional, o que trouxe momentânea confiança no sistema jurídico do país. Ao mesmo tempo, o noticiário internacional trouxe novas camadas de atenção. Há rumores de que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode anunciar sanções econômicas contra o Brasil, o que aumenta a apreensão nos mercados globais. A possibilidade de restrições comerciais ou tarifárias tem potencial de alterar a dinâmica da balança de pagamentos brasileira e interferir diretamente no fluxo cambial.
Outro ponto observado de perto é a expectativa em torno da reunião do Federal Reserve. O banco central norte-americano pode anunciar nos próximos dias uma redução nas taxas de juros, medida que tem impacto direto sobre a atratividade do dólar em relação a moedas emergentes, como o real. Caso o corte se confirme, a tendência é de fortalecimento ainda maior da moeda brasileira, ampliando o espaço para novas quedas da cotação do dólar no curto prazo.
Entre incertezas políticas domésticas e movimentos estratégicos da economia mundial, a sexta-feira foi marcada por um câmbio em queda livre, um mercado acionário em compasso de espera e por um ambiente de especulação que deve seguir pautando as decisões dos investidores nos próximos dias.
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