O ataque ocorre no rastro da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão, decidida por maioria no STF. Para Beattie, a decisão representa um “marco fatídico” dentro do que ele descreveu como “complexo de censura e perseguição” liderado por Moraes contra Bolsonaro e seus apoiadores. “Levamos esse acontecimento sombrio com a maior seriedade”, acrescentou.
Essa não foi a única manifestação compartilhada pela missão diplomática americana. Christopher Landau, também ligado ao Departamento de Estado, acusou o Supremo de transformar a lei em “arma política”. Em tom pessoal, mas de forte repercussão, Landau disse sentir “dor em ver o ministro Moraes desmantelar o Estado de Direito” e advertiu que a crise ameaça arrastar para baixo as relações bilaterais.
As declarações repercutem em um momento de alta sensibilidade política no Brasil, marcado pela polarização em torno da prisão de Bolsonaro. No plano externo, a postura de Washington surpreende analistas, uma vez que raramente autoridades norte-americanas se pronunciam de forma tão incisiva sobre decisões internas de cortes constitucionais de outros países.
Para especialistas em diplomacia, a decisão da Embaixada de compartilhar as críticas vai além de uma manifestação isolada: trata-se de sinal de alinhamento da política externa dos EUA com os setores que contestam a condução do Judiciário brasileiro. O gesto, afirmam, pode aprofundar fissuras em uma relação já fragilizada por desconfianças mútuas e por divergências recentes em temas de democracia e soberania.
O impacto imediato é de tensão. Enquanto apoiadores de Bolsonaro celebram as declarações como reconhecimento internacional de suas denúncias, aliados do STF veem ingerência externa e ataque direto à independência dos poderes. No horizonte, permanece a dúvida: até que ponto os EUA estão dispostos a sustentar esse tom crítico diante de um parceiro estratégico como o Brasil?
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