Segundo relatos de parlamentares, o pacto previa a votação simultânea da PEC da Blindagem com uma versão mais branda da anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro e pela chamada trama golpista. Essa costura teria surgido do próprio Alcolumbre, que sugeriu substituir a ideia de uma anistia ampla por um projeto que apenas flexibilizasse penas. Deputados ressaltam que seguiram essa orientação, o que torna a decisão do Senado vista como golpe duplo.
A revolta aumentou com o avanço, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), de um projeto “clone” do governo que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil. A Câmara lembra que apenas ela pode iniciar propostas que reduzam receitas e impactem gastos públicos, o que transforma a iniciativa do Senado em irregular e politicamente desleal.
Aliados de Motta exigem mais do que um simples desmentido do Planalto, que passou a quarta-feira tentando desvincular o governo da articulação. Eles querem que a Fazenda e a Presidência desautorizem formalmente a iniciativa relatada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e reafirmem que a versão válida é a conduzida pelo deputado Arthur Lira (PP-AL).
Nos bastidores, deputados enxergam que Alcolumbre só teria avançado dessa forma por ter recebido garantias do governo de que senadores não serão alvo de investigações ou operações da Polícia Federal. A leitura é de que há blindagem velada em jogo. Em resposta, líderes da Câmara prometem devolver o gesto com obstruções e derrotas a matérias de interesse do Senado, ampliando a guerra fria entre as duas Casas.
O episódio marca mais um capítulo de desconfiança mútua entre Câmara e Senado, com Alcolumbre e Motta no centro da crise e o governo tentando equilibrar pratos para não ver sua base ruir em meio a disputas internas. O clima, no entanto, é de retaliação anunciada.
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