O MDB em Pernambuco vive um novo capítulo de turbulência política após a reunião da Executiva Estadual, realizada na manhã da quarta-feira (24), em Recife, sob o comando do presidente da sigla, Raul Henry. O encontro terminou com placar de 15 a 1 a favor da mudança de posicionamento do partido na Assembleia Legislativa, orientando a bancada de deputados estaduais a integrar o bloco de oposição ao Governo de Raquel Lyra. O único voto contrário foi do deputado Jarbas Filho, que reagiu com firmeza, classificando a decisão como uma afronta à Justiça e reafirmando que continuará exercendo a função de líder da bancada. O parlamentar lembrou que há decisões judiciais que o amparam, citando a liminar do juiz Júlio Cézar Santos da Silva, da 3ª Vara Cível do Recife, que barrou a indicação de Waldemar Borges para a liderança por não ter o mínimo de seis meses de filiação ao partido. Jarbas também destacou entendimento do desembargador Agenor Ferreira de Lima Filho, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, que reconheceu que a escolha do líder cabe exclusivamente aos deputados estaduais que compõem a bancada, conforme previsto no artigo 57 do Regimento Interno da Casa de Joaquim Nabuco. A crise coloca em evidência a disputa interna entre Jarbas Filho e Waldemar Borges, este último apoiado pela cúpula estadual, que insiste em emplacar seu nome na liderança mesmo diante das restrições legais. Em nota, Jarbas reforçou que, como líder, não vê razões para que o MDB mude sua posição atual, permanecendo na base governista que apoia Raquel Lyra. Ele enfatizou que qualquer alteração de rumo partidário precisa passar por Convenção própria, prevista apenas para o próximo ano, e lembrou que a última Convenção, realizada em 24 de maio, tratou apenas da eleição da diretoria estadual, sem discutir alinhamentos políticos para 2026. Do outro lado, Raul Henry sustenta que a orientação da legenda foi definida na mesma Convenção em que foi reconduzido à presidência do MDB e que a maioria decidiu pela oposição e pela manutenção da aliança com o PSB, o que reforça a narrativa de que a bancada deve seguir a nova linha. O impasse expõe a fragilidade da unidade interna do partido e amplia a tensão entre as lideranças estaduais e os parlamentares que de fato atuam no plenário da Alepe. Enquanto Jarbas Filho resiste em nome de decisões judiciais e do regimento, a executiva aposta na força política para inverter o comando e realinhar o MDB às articulações da oposição, antecipando a movimentação para o tabuleiro das eleições de 2026.
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