O prazo curto para renúncia — até 31 de março do próximo ano — adiciona pressão para consolidar alianças rapidamente. Inicialmente, Tarcísio havia considerado lançar o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL), mas o projeto esbarrou em exigências do PL, que condiciona o apoio à filiação do governador, dificultando a movimentação da sigla. Em encontro do Grupo Esfera, Valdemar Costa Neto confirmou que a ida de Tarcísio para o PL estava praticamente definida, mas a compensação ao Republicanos continuava em pauta.
Ao apostar em Ramuth, Tarcísio visa neutralizar outros nomes fortes na corrida paulista: o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), pouco competitivo no interior; o presidente do PSD, Gilberto Kassab, avaliado como ruim de voto; e o secretário de Segurança, Guilherme Derrite (PP), que seria mais indicado para o Senado do que para o Executivo estadual.
Há, porém, resistência interna. Kassab não aceita facilmente o projeto Ramuth 2026, sobretudo se o vice se filiar a outro partido. Tarcísio articula uma contraproposta: oferecer a vice de Ramuth agora, garantindo a Kassab a possibilidade de disputar o governo em 2030 já com a cadeira consolidada.
Felício Ramuth, ex-prefeito de São José dos Campos, passou 28 anos no PSDB antes de migrar para o PSD. Desde que assumiu a vice-governadoria ao lado de Tarcísio, aproximou-se de pautas de direita, participando de manifestações na Avenida Paulista, elogiando Bolsonaro e defendendo a anistia, criticando excessos políticos, como a acusação do ministro Alexandre de Moraes.
No Nordeste, Tarcísio já analisa estratégias para reduzir a vantagem de Lula em Bahia, Ceará e Maranhão, contando com o apoio de ACM Neto (União Brasil), Ciro Gomes, prestes a trocar de partido, e Eduardo Braide, prefeito de São Luís. No Rio de Janeiro, seu estado natal, prefere Eduardo Paes (PSD) como sucessor de Cláudio Castro, rejeitando outros nomes especulados, como Rodrigo Bacellar.
A velocidade com que Tarcísio iniciou essas articulações, poucas horas após a condenação de Bolsonaro, reforça a percepção de que ele aguardava o resultado para se posicionar estrategicamente na direita. Cada passo foi calculado para maximizar visibilidade nacional, manter o Republicanos relevante e fortalecer aliados estratégicos como Ramuth.
Reuniões emergenciais, telefonemas e conversas com líderes partidários mostraram que Tarcísio já definia cargos, alianças e cenários eleitorais possíveis antes mesmo de o julgamento ser oficialmente encerrado. O governador transformou a condenação em um catalisador político, aproveitando a oportunidade para avançar seu projeto presidencial, consolidando o plano de filiar Ramuth, evitar concorrentes e preparar o partido para a sucessão estadual.
Horas após o desfecho, o tabuleiro paulista já tinha sido redesenhado: nomes definidos, estratégias regionais alinhadas e projetos nacionais em curso. O timing exato das ações evidencia que Tarcísio antecipou a condenação, planejando agir assim que o resultado fosse confirmado, reforçando sua posição como protagonista da direita e abrindo caminho para a corrida presidencial de 2026.
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