As movimentações vêm sendo cuidadosamente articuladas nos bastidores. Ao longo da última semana, Lula se reuniu com ministros do Supremo — Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Gilmar Mendes — em busca de avaliações sobre o perfil ideal para o sucessor de Barroso. O recado foi direto: a Corte continuará sendo alvo de ataques e precisa de alguém “firme na defesa da democracia e das instituições”.
Entre os ministros, há simpatia pelo nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Congresso, advogado e visto como figura de equilíbrio entre os Poderes. Mesmo assim, o favoritismo de Messias se consolidou após jantar de Lula com Barroso na sexta-feira (17), no Palácio da Alvorada. O ex-presidente do STF teria dito ao petista que tanto Messias quanto Pacheco e o ministro do TCU, Bruno Dantas, estão preparados para o cargo.
Já a nomeação de Guilherme Boulos representa uma aposta política de grande alcance. Líder do PSOL e figura de destaque nos movimentos sociais, o deputado é visto por Lula como peça-chave para reanimar a base progressista e dialogar com o eleitorado jovem. Sua entrada no governo ocorre em meio à crescente mobilização da esquerda, impulsionada por protestos recentes contra a PEC da Blindagem e a anistia.
Além de ampliar o espaço do PSOL no Planalto, a nomeação de Boulos fortalece sua visibilidade nacional e reforça a estratégia de Lula de unir o campo progressista diante dos desafios de 2026. A permanência do deputado no cargo não tem prazo definido, e a possibilidade de desincompatibilização para futuras disputas eleitorais permanece aberta. O pacote político de Lula, portanto, sinaliza mais do que simples trocas: indica o reforço de sua trincheira ideológica e institucional para os próximos embates.
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