Os populares Caveirões, veículos blindados usados pelas polícias Civil e Militar do Rio, podem ser substituídos em breve. A mudança vem a partir de uma licitação que o governo do estado está preparando para a compra de uma frota mais ágil e moderna, que poderá envolver fabricantes internacionais.
Especialistas da Secretaria de Estado de Segurança (Seseg) estiveram durante esta semana na África do Sul para verificar os veículos usados pelo governo local. Também já foram avaliados blindados russos e israelenses.
O governo do Rio divulgou nota informando que a compra de novos blindados faz parte de uma série de medidas adotadas para atender a demanda de segurança dos grandes eventos internacionais que serão realizados nos próximos anos, principalmente a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A assessoria da Seseg não soube dizer quantos blindados estão sendo cogitados, nem o valor total da compra.
Pesquisadores contestam benefícios das importações
A possível compra de blindados estrangeiros pode ser um erro segundo o pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Expedito Stephani Bastos. "Nós temos veículos maravilhosos e vamos dar emprego em outros países. Isso mostra que não existe uniformidade em nossa estratégia nacional de defesa. Quando o governo divulga que quer recriar a indústria de defesa brasileira, compras desse tipo só atrapalham, não ajudam em nada", disse o pesquisador.
Outro empecilho se houver importação, segundo ele, será a dificuldade na reposição de peças e equipamentos, o que poderá deixar os veículos fora de operação por um longo tempo. "Não adianta comprar um blindado importado, porque haverá uma cadeia logística extremamente cara e na hora em que não houver mais suporte esses veículos vão ser sucateados. Vai acontecer de ficarem parados várias semanas esperando uma peça, assim como já ocorre com aviões e helicópteros."
Além disso, o pesquisador da universidade mineira acredita que a compra de blindados urbanos no exterior não se justifica, mesmo que o preço seja mais baixo. "Esses veículos são bons, mas não têm nada de sofisticação que a nossa indústria não tenha capacidade de fazer. É um patamar tecnológico que o Brasil dominou nos anos 1980. Mesmo que aqui saísse mais caro, agregar tecnologia e desenvolver um produto nacional é muito mais importante do que trazer de fora."
A solução, segundo Expedito, seria investir em empresas nacionais que já produzem veículos semelhantes, para as quais ele acredita que o governo dá pouca atenção. Ele teme também que a empolgação para os eventos esportivos acabe influenciando a compra de veículos prontos no lugar de tecnologias que melhores as indústrias nacionais. "Estaremos virando meros usuários de veículos. É o nosso grande erro estratégico. Na hora em que abrir esse corredor, todos (os estados) vão comprar e a indústria nacional acaba."
Com informações da Agência Brasil
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