O mundo, algum dia, será das mulheres? Essa é uma das perguntas que nos fazemos quando o assunto gira em torno das conquistas femininas e do lugar da mulher na sociedade e no trabalho. Para a antropóloga e professora do departamento de Ciência e Política da PUC-Rio Sônia Jacomini, "o mundo dominado pelas mulheres não será necessariamente melhor". Ela acredita que o ideal é o equilíbrio entre homens e mulheres e que deve existir uma "reconfiguração na forma de ser" de cada gênero.
Longe do ideal, o povo brasileiro ainda não é protagonista de uma história em que o padrão igualitário exista de fato. Apesar de as mulheres terem conquistado papéis importantes no mercado de trabalho, por exemplo os de chefia, estes fatos são isolados. De acordo com Sônia, "o aumento da força de trabalho feminina não diminuiu a desigualdade de gênero, principalmente na última década". Ela explica que muitas mulheres ainda trabalham em ocupações estritamente femininas, que são uma extensão do trabalho doméstico e das atividades às quais sempre foram destinadas, como a criação das crianças, educação e cuidados com a casa. "Houve uma reestruturação no mundo do trabalho", diz. "A mulher na construção civil, por exemplo, é uma novidade. É uma coisa maravilhosa, mas ainda é pontual", completa.
Com relação à rearrumação que sofreu o mundo do trabalho para as mulheres, Sônia pontuou algumas mais importantes: o aumento da força de trabalho feminina de uma geração mais velha e o fato de mulheres casarem e continuarem trabalhando. Estas duas características permitiram, também, que mais mulheres integrassem o mundo do trabalho e o dividissem com os homens.
Reestruturação no modelo educacional das escolas gera mudanças de valores
"Precisamos de ações conjugadas", opina Sônia. A especialista diz que todas as instituições formadoras de opiniões devem ser reestruturadas de maneira a permitir que a questão da desigualdade de gêneros seja melhor discutida e superada. Dentre as ações já existentes, ela considera extremamente importante a inclusão da discussão sobre diversidade sexual nas escolas. "Isso recoloca, em outros termos, a questão da mulher. Discutindo a sexualidade e o respeito nós também falamos sobre a questão feminina", conta.
"Os patamares estão sendo repactuados", diz. E acrescenta que o equilíbrio poderá ser real "quando as pessoas puderem dar livre vasão para suas potencialidades".
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