A primeira reunião de trabalho da CPI mista de Carlinhos Cachoeira começou tensa. O primeiro embate foi entre o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e o deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP), com o tucano levantando a suspeição do comunista para participar da comissão, por ter tido uma conversa gravada na Operação Monte Carlo. Mas a discussão que domina os trabalhos, por enquanto, é sobre a possibilidade de vazamento de documentos sigilosos. Nesse debate, o clima começou a esquentar entre os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Pedro Taques (PDT-MT). No mesmo dia em que os dados foram entregues à CPI, partes do inquérito foram divulgadas por alguns setores da imprensa.
Com voz empostada, Collor estreou na CPI reclamando de deputados que vazaram documentação sigilosa, lembrando a determinação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, de guardarem o segredo de justiça dos documentos enviados à CPI. O senador Pedro Taques reagiu a Collor:
"Estamos aqui numa brincadeira da carochinha! O inquérito inteiro está na Internet. Nenhum parlamentar pode ser responsabilizado por vazamento!"
Collor, com voz alterada, responde a Taques e diz que há uma rede criminosa entre jornalistas e contraventores. Sem citar nomes de veículos, disse que uma revista auferiu lucros com a coabitação durante seis anos com um contraventor.
"Eu pediria ao presidente Vital do Rego, se não fosse cansativo, que lesse o trecho que STF que é taxativo sobre guarda de sigilo!", respondeu Collor.
"Não há uma posição hipócrita, nem safada, nem jaguara de quem quer que seja aqui! Hipócritas são aqueles que fornecem informações por debaixo dos panos para alguns confrades e fazem uso dessas informações como lhes convier", completou Collor.
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) tentou apaziguar, dizendo que a Constituição não protege o sigilo para o criminoso.
"Pode vir o despacho da mais ilustre personalidade do planeta. Mas respeitosamente eu digo que minha posição está subordinada a Constituição", disse Miro.
Já o deputado Silvio Costa (PTB-PR) chutou o balde: "Estou estarrecido. Tanto o senador Pedro Taques quanto o deputado Miro estão equivocados sobre a Constituição proteger a quebra do sigilo. Mas há uma diferença entre o feijão e o sonho do senador Collor! Impossível não ter vazamento aqui. Vai ter vazamento sim! Sempre teve e vai ter agora".
Da Agência O Globo
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