Suzan Vitorino
Do NE10
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Natal deveria ter como sinônimo a palavra reencontro. Por mais que hoje exista no imaginário coletivo o sentimento da festa ser motivo para compras e consumo, o encontro durante a noite natalina ainda consegue superar - ufa! - a troca de presentes. A ceia do dia 24 de dezembro ainda consegue unir pessoas que passaram o ano inteiro sem se encontrar para conversar sobre a vida e viver o Natal, nem que seja por algumas horas. Durante esse período, pessoas chegam e saem de suas casas para visitar os familiares e amigos que estão longe, seja de avião, ônibus, enfim pouco importa o meio utilizado. O que importa é estar junto.
Família vem do RN e do RJ para se encontrar em Nazaré da Mata
A família Araújo se reúne há vários natais para celebrá-lo. Cada um vem de um dos quatro cantos do País para desembarcar em Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Até o gato da família veio junto. No Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes - Gilberto Freyre, na Imbiribeira, Rosana de Araújo, 40 anos, esperava o pai, o militar reformado Roberto Araújo, 62, chegar do Rio de Janeiro para percorrer 65 quilômetros até Nazaré da Mata. Ela veio da cidade de Natal (RN), com as filhas Isabela, 22, e Gabriela, 17, e com o marido, o militar Carlos Araújo, para passarem a festa natalina na casa da mãe de Carlos. "O Natal deve ser celebrado em família. Minha mãe já morreu e por isso fazemos questão da presença do meu pai na celebração. A última vez que o vimos foi nas festas juninas", relata. "Pra mim, é um prazer rever minha família", desabafou o militar reformado, ainda com malas na mão.
De São Paulo, família Afshar veio conhecer futuros parentes
Para a família Afshar, o Natal foi uma oportunidade para conhecer futuros parentes. A estudante de 22 anos, Yasmin Afshar, esperava o pai, o professor iraniano Farhad Abdollahyan Afshar, e a mãe, a aposentada Yone Moreira, chegar de São Paulo para passar as festas natalinas com a família do namorado, o doutorando em filosofia João Neto. "Meus pais não conheciam a família de João, ia ser difícil uma data para todos estarem livres. Quando tive a ideia e todos toparam, foi maravilhoso", contou Yasmim.
Casal paulista veio conhecer parentes de Caruaru
Apresentar o Nordeste e os parentes de Caruaru, no Agreste do Estado, para o namorado espanhol foi o que trouxe a decoradora Luciana Pimentel, 30, para Pernambuco. Direto de São Paulo, ela e o designer industrial Olliver Pecha, 29, desembarcaram no Gilberto Freyre para conhecer os primos e a tia-vó de Carolina, que moram em Caruaru. "Não vejo essa parte da família há muito tempo. E Olliver não conhece o Nordeste, vamos dormir hoje em Olinda para que ele conheça um pouco do Nordeste", explica.
A gerente Erica Oliveira vai passar o Natal com a filha
Mas o Natal não é só para os que chegam. Também é momento de voltar às origens e lembrar das pessoas, deixando o trabalho ou a universidade em Pernambuco. Potiguar, Erica Oliveira, 27, mora no Recife há quatro meses, trabalhando como gerente comercial de uma loja no Shopping Rio Mar, Pina. Hoje, volta para o bairro de Morro Branco, em Natal (RN), para encontrar seu presente natalino - Evelyn Oliveira, 3. "Vou ficar em Natal até o próximo domingo (30). Não poderia ficar longe da minha filha e dos meus pais nesta data".
Clóvis e Josemar fizeram escala no TIP antes de chegar em casa
O trabalho também levou os trabalhadores da construção civil Clóvis Figueiredo, 27, e Josemar Santana, 36, para longe de seus lares. Colegas de trabalho na empresa Constram, em Alagoas, passaram na tarde deste domingo (23), no Terminal Integrado de Passageiros (TIP), em Jaboatão dos Guararapes, para pegar uma condução com destino ao Natal. "Já que não moro com minha família, pelo menos no Natal tenho que ficar junto deles", conta o selador Clóvis, que vai ficar em Goianinha (RN), na casa da irmã. De acordo com o condutor, se não houver retenção no trânsito, em quatro horas e trinta minutos o selador começa a comemorar a data. Cortador de concreto, Josemar Santana, vai chegar mais rápido ao encontro da mulher e das filhas. Ele mora em Mamanguape e também só pensa em chegar.
Doutoranda Carolina Barbosa vai passar o Natal em Campina Grande
Esperando o ônibus com destino a Campina Grande, na Paraíba, a farmacêutica Carolina Barbosa, 25, só volta na próxima quinta da casa da família. Morando há um ano no Recife para concluir o doutorado em farmácia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), retorna ao lar para rever os pais, irmãos e avós e participar do amigo secreto, ou meio secreto. "Alguém teve que tirar meu amigo secreto, não é mais tão secreto, então vou falar. Tirei minha madrinha, vou presenteá-la com um porta jóia", revela a doutoranda, já pensando no Natal em família.
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