sexta-feira, 2 de agosto de 2013

VIOLÊNCIA - Três ex-agentes da Funase acusados de torturar internos estão foragidos

A confusão que terminou em espancamento ocorreu na ala 12 da unidade
Foto: Mariana Dantas/ NE10
Três ex-agentes da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) acusados do crime de tortura são considerados foragidos da Justiça de Pernambuco. O trio faz parte do grupo de sete agentes envolvidos numa acusação de espancar, por motivo banal, sete internos com idades entre 15 e 16 anos, do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Abreu e Lima, no Grande Recife, no dia 9 de junho deste ano. Um dos adolescentes chegou a sofrer uma grave lesão cerebral e precisou ser levado para o Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife, onde ficou internado por dez dias.

De acordo com o delegado Ademir Soares, da Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA), responsável pela investigação do caso, a Justiça decretou a prisão preventiva de Gleyson Fernandes de Siqueira, Higo Flávio de Andrade e Rogério Cremildo Bezerra, acusados de serem os principais agressores dos jovens. Além do mandado de prisão, a polícia foi responsável por cumprir os mandados de busca e apreensão na casa dos sete envolvidos. A intenção era encontrar armas ou materiais que poderiam ser usados em agressões. O trabalho foi realizado durante toda esta quinta-feira (1º), mas nenhum dos suspeitos foi encontrado nos domicílios informados no inquérito.

O delegado explicou que os três homens, que tinham contratos temporários no Case de Abreu e Lima quando a agressão aconteceu, chegaram a ser demitidos após uma sindicância interna da Funase. Os outros quatro homens envolvidos na acusação permanecem no quadro de funcionários e devem ser convocados pela polícia na próxima semana para prestarem um novo depoimento.

"É importante ressaltar o fato de a Justiça ter decretado a prisão por tortura, o que é muito raro. É mais comum acusar de lesão corporal, mas como os jovens estão sob a responsabilidade do Estado, a agressão se torna muito mais grave, o que consiste uma tortura", comentou o delegado. Considerado hediondo, o crime de tortura prevê detenção de até 15 anos.

O reconhecimento dos agentes que cometeram a agressão contra os jovens provados de liberdade foi feito através de fotografias apresentadas aos jovens separadamente. Nenhum dos adolescentes voltou ao mesmo Case.
A AGRESSÃO - A confusão que terminou em espancamento ocorreu na ala 12 da unidade, conhecida como ala de segurança, por abrigar 43 adolescentes ameaçados de morte. Por volta das 20h, um agente teria entrado na cela para informar aos jovens que as luzes seriam desligadas às 21h, quando o horário habitual é às 22h. Um dos internos questionou a mudança do horário e, por isso, teria sido agredido com um soco no olho esquerdo e, já caído no chão, continuou sendo espancado. Alguns jovens que presenciaram a agressão tentaram defender o adolescente e o tumulto trouxe à ala 12 mais dois agentes, que também passaram a espancar os internos. 

MORTES - 
Em 2012, sete adolescentes foram brutalmente assassinados dentro dos Cases de Pernambuco. Este ano, já ocorreram três mortes, sendo a última no dia 8 de abril, na unidade de Abreu e Lima. Um jovem que estava na unidade cumprindo medida socioeducativa há apenas oito dias foi estrangulado pelos companheiros de cela enquanto dormia.

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