segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Esposa de suspeito de mandar matar promotor prestou depoimento nesta tarde

A esposa do principal suspeito de ter articulado a execução do promotor de Justiça Thiago Faria Soares, de 36 anos, na última segunda-feira (14), está na Delegacia de Águas Belas, no Agreste do estado, prestando depoimento sobre o caso.

Jandira Cruz Ubirajara, de 52 anos, é esposa do fazendeiro José Maria Pedro Rosendo, que continua foragido, e chegou na unidade policial acompanhada por familiares por volta das 15h40. Ela está sendo ouvida pelo delegado Rômulo Holanda, responsável pelo inquérito, e Salustiano Albuquerque, diretor do núcleo de polícia do interior 1 (correspondente ao Agreste e Zonas da Mata).

Pela manhã, o ex-noivo da advogada Mysheva Freire Ferrão Martins, noiva do promotor de Justiça, também prestou depoimento. Clécio Oliveira entrou no prédio acompanhado pela família e por um advogado. O empresário foi necessário para que a polícia esclarecesse algumas dúvidas que estão surgindo durante a investigação.

Apesar da linha de investigação apontar para a questão envolvendo os 25 hectares de terra arrematados por Mysheva na Fazenda Nova, em Águas Belas, nenhuma hipótese pode ser descartada. É possível que, com o depoimento dele, Mysheva também seja convocada para prestar novos esclarecimentos à polícia.
Entenda o caso
Thiago Faria Soares, de 36 anos, foi encontrado morto com pelo menos quatro tiros de espingarda calibre 12, em seu carro, um Hyundai, no Km 15 da PE-300, a caminho do Fórum de Itaíba, onde trabalhava. Ele estaria no veículo com a noiva e Adautivo Martins, tio dela. Dois homens ocupando um Corsa trancaram o veículo do promotor e fizeram os primeiros disparos. Em seguida, voltaram e executaram Thiago Faria com tiros no rosto e no pescoço. Os Martins escaparam ilesos da emboscada.

Segundo a polícia, o crime teria sido motivado por uma disputa por terras. A Fazenda Nova, onde o promotor vivia com a noiva, tem uma fonte de água mineral que renderia cerca de R$ 1 milhão por ano. A área foi adquirida em leilão por Mysheva Martins em outubro passado, quando ela e o noivo nem se conheciam. Na ocasião, a mulher desembolsou R$ 100 mil pela propriedade. No entanto, o posseiro da terra, José Maria, recusou-se a deixar a área.

Thiago Faria assumiu o cargo de promotor em dezembro passado em meio ao cenário de embate pela terra. Mas a disputa havia começado há sete anos, quando Maria das Dores Ubirajara, dona das terras, morreu. Ela não tinha filhos e era tia da esposa de José Maria. Ao morrer, deixou a área para 10 herdeiros, incluindo a esposa de José Maria. Depois da aquisição das terras por Mysheva, o posseiro chegou a questionar a validade do leilão na Justiça, mas perdeu a causa.

Em junho deste ano, foi obrigado a deixar o lugar por força de uma imissão de posse em favor da advogada, na qual o promotor teria atuado nos bastidores. De acordo com as investigações, ele também teria pedido ajuda do tio da noiva, Claudiano Martins, para negociar a saída de José Maria das terras. Ainda segundo a polícia, o promotor assassinado também teria denunciado José Maria por crime ambiental na fazenda.

Antes de morrer, Thiago Faria chegou procurou a corregedoria do Ministério Público de Pernambuco para informar que estava sendo ameaçado. O promotor estava em período probatório e a corregedoria fez uma inspeção na comarca e descobriu que havia cerca de 15 processo nos quais ele alegava suspeição pelo fato de envolver interesses de parentes da noiva. Por esses motivos, o promotor seria relocado para Jupi.

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