O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) abriu sindicância administrativa para apurar a denúncia da família da empresária Fernanda Nóbrega, 26 anos, que morreu após ser submetida a uma cirurgia de redução de estômago em um hospital do Recife. Os parentes de Fernanda acreditam que ela foi induzida pelo cirurgião a ganhar peso para ser submetida à operação, já que ela não tinha perfil para passar pelo procedimento. Acusam também o profissional de ter prestado atendimento negligente durante as complicações do pós-operatório. A pedido da família, o nome do médico e do hospital onde aconteceu a intervenção serão mantidos em sigilo.
A investigação no Cremepe não tem um prazo mínimo para ser concluída, segundo informou a Assessoria de Imprensa do conselho. Caso seja descoberto que o profissional teve, de alguma forma, responsabilidade na morte da paciente, a lei prevê cinco tipos de punição, entre elas, advertência profissional, censura confidencial, censura pública, suspensão do exercício profissional, até 30 dias ou cassação do exercício profissional. A investigação acontecerá a partir da denúncia publicada com exclusividade pelo Diario, na edição de ontem.
Os parentes de Fernanda, que foi sepultada no último domingo, também entraram na Justiça para garantir o direito de ter acesso ao prontuário da paciente. Com o documento em mãos, a família pretende robustecer as provas contra o médico cirurgião. Com um Índice de Massa Corpórea (IMC) em torno de 30 kg/m e sem problemas de saúde relacionados à obesidade, como garante a família, Fernanda jamais poderia fazer a cirurgia. Por isso teria engordado e passado de 80 para 90 quilos nos últimos dois meses. Fernanda era casada e tinha dois filhos, de 3 e 4 anos.
Depois da operação, recebeu alta em dois dias. Em casa, passou mal e vomitou, sendo orientada pelo médico a voltar para o hospital, onde precisou ser novamente operada. Teria sido diagnosticada com obstrução no intestino. Dois dias depois da segunda intervenção, morreu. Queixava-se de falta de ar, mas, segundo o marido da vítima, Higor dos Anjos, 21, o médico dizia que ela estava ansiosa. “Ele chegou a propor a visita de um psicólogo”, disse. O atestado de óbito apontou como causa da morte embolia pulmonar. O laudo do IML ainda não ficou pronto. (Marcionila Teixeira)
saiba mais
- A obesidade deve ser tratada por profissionais habilitados para avaliar, orientar e acompanhar o paciente nos âmbitos clínico, ambulatorial e hospitalar
- Esses profissionais dividem tarefas com o cirurgião bariátrico e contribuem para os resultados com acompanhamento, nas situações adversas, antes e após a cirurgia
- O paciente faz exames de endoscopia, ultrassom abdominal e hemograma e realiza consultas com cirurgião, cardiologista, psiquiatra, psicólogo e nutricionista
- O paciente precisará passar por mudanças de hábitos, adotando uma forma de vida mais saudável, incluindo dieta equilibrada e prática de exercícios
- Também faz-se obrigatório o preenchimento do protocolo que aponta os riscos e os benefícios da cirurgia bariátrica
- Na operação por videolaparoscopia são realizadas de cinco a sete pequenas incisões
- A cirurgia tem duração média de 1h a 2h, com permanência hospitalar de até 36 horas. Na cirurgia aberta, o tempo médio é de 2h a 3h, com permanência de 6 dias
- Os riscos são os mesmos de outras cirurgias abdominais, por isso deve ser realizada apenas em ambiente hospitalar com estrutura adequada
No site http://www.sbcbm.org.br/membros.php - há os nomes dos cirurgiões credenciados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
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