Logo de manhã, antes do sol nascer, a ignição é ligada. Com a primeira marcha engatada, começa uma longa jornada. Sozinhos, seja dia ou noite, esses profissionais do violenta atravessam curvas, longas retas e todo o tipo de paisagem. Rodar centenas de quilômetros diariamente, cortando estradas Brasil afora é apenas parte da rotina cansativa e perigosa. Seja bem-vindo e nos acompanhe neste trecho da viagem.
Transportar mercadorias brutas ou industrializadas é a missão que bravamente cumprimos. Faça chuva, neblina ou sol o caminhão é nossa segunda casa. “Fica no peito a saudade da nossa terra, de nossa família,” diz Aguinaldo Klippel, 41. Mesmo com os buracos da estrada e as curvas sinuosas, com 21 anos de profissão, o caminhoneiro que mora no Estado de Rondônia tem amor pela profissão. Ele se recorda do pior obstáculo que enfrentou: um assalto há dez anos. “Estava dirigindo um ônibus lotado e bandidos armados pararam o carro.
Eles sabiam de um dinheiro da empresa que eu levava embaixo do banco. Consegui enganá-los mostrando um coprovante de depósito bancário antigo. Desistiram de mim, mas levaram muitas coisas dos passageiros. Entre eles estava a mulher do dono da empresa. Levaram tudo. Ela ficou apenas de calcinha e sutiã. Isso foi o pior medo que passei. Depois, voltei para a solidão do caminhão,” disse.
Na cabine do paranaense Rogério Luís um rádio, um terço e a cuia para beber tereré fazem companhia durante as viagens. As breves paradas de descanso servem para rever os antigos amigos do trecho (como chamamos a estrada) e fazer novos. Ele ressalta que algumas vezes o caminhoneiro não é bem recebido nas paradas. “Alguns piás (rapazes) que trabalham nos postos maltratam a gente. Não deixam estacionar o trucão ou usar o banheiro. Mas isso a gente supera, na estrada também dá pra achar muita gente boa,” contou.
Reportagem: Sidnei Oliveira Silva
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