quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Ninguém governa o governador

   Ninguém governa governador Magno Martins

Fortes ruídos com o governador João Lyra Neto (PSB) acabaram provocando, ontem, a demissão do procurador-geral do Estado, Thiago Norões, na função desde janeiro de 2011, início do segundo mandato de Eduardo Campos. Norões nega, mas até as paredes do Palácio das Princesas sabem que as divergências com o agora ex-chefe são antigas e insanáveis.

Durante a campanha eleitoral, Norões requereu licença para “dar uma força” ao amigo Paulo Câmara, eleito governador. Na volta, entrou de férias, retardando por um mês a retomada da função. Foi ai que ouviu a orientação do secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez, para prolongar a licença até dezembro.

Ou seja, na prática Norões estava recebendo um convite para deixar o Governo, mas fez ouvidos de mercador e foi ficando no cargo até se deparar com uma nova situação de estresse com o governador, que nunca gostou do seu trabalho. E também nunca fez um mínimo de esforço para tentar gostar.

Aos assessores mais próximos, Lyra se queixava do fato de o procurador-geral ser muito autônomo, impondo dificuldades nas chamadas demandas emergenciais do gabinete. Por várias vezes, Norões contrariou ordens expressas do governador, que queria também demitir o presidente da Copergás, Aldo Guedes, com quem também mantém relação conflituosa.

O que se diz no Palácio é que Gudes, homem forte nas duas gestões de Eduardo, não cai. Segundo uma fonte palaciana, o chefão da Copergás também passa por cima de recomendações do governador, mas como tem costas mais largas e, consequentemente, mais quentes, vai se manter até o fim.

A não ser que Lyra, considerado pavio curto, perca a paciência e resolva dar uma demonstração de força e poderio. Já dizia Agamenon Magalhães, na sua sapiência, que ninguém governa governador. Mesmo no apagar das luzes do seu curto governo, Lyra pode mostrar que quem manda é ele seguindo à risca o velho e saudoso Agamenon.

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