sábado, 11 de novembro de 2017

Quebra de registros telefônicos ligou coronel preso pela PF ao PSB

Roberto Gomes com Paulo Câmara (Foto: Divulgação)

Amanda Miranda

A Polícia Federal revelou em Recife nesta quinta-feira (9) que os registros telefônicos de suspeitos na Operação Torrentes foram quebrados durante as investigações das supostas fraudes em contratos para atender vítimas das enchentes na Mata Sul de Pernambuco em 2010. Segundo a PF, esse passo levou a uma ligação com o PSB, partido do governador Paulo Câmara e do seu antecessor, Eduardo Campos.

De acordo com a polícia, chamou a atenção dos investigadores que, na véspera da eleição de 2014, quando Paulo Câmara venceu o pleito ainda no primeiro turno, houve um saque de R$ 2 milhões da conta bancária de uma das empresas investigadas, a FJW Empresarial LTDA. A retirada do dinheiro foi feita, segundo a PF, por Heverton Soares da Silva, preso nesta quinta-feira na operação no Recife.

Horas depois, os registros telefônicos feitos pela PF apontaram que a localização dele estava a 200 metros da casa de outro preso hoje na Torrentes, o coronel da Polícia Militar Roberto Gomes de Melo Filho, que teve prisão temporária decretada. Segundo a PF, o celular do oficial da PM apontou depois que ele foi para a sede do PSB na capital pernambucana. Hoje, o oficial é gerente geral de Esportes e Lazer do governo Paulo Câmara.

A Polícia Federal enfatizou, porém, que isso não quer dizer que o dinheiro tenha ido para o PM ou o partido.

Em 2010, quando teria havido as supostas irregularidades nos contratos, o coronel Roberto Gomes era coordenador administrativo da Secretaria da Casa Militar de Pernambuco, foco da operação.

O dono da empresa da qual o dinheiro foi sacado, Ricardo José de Padilha Carício, e a mulher dele também foram presos na Torrentes, nesta quinta-feira. A FJW apareceu em duas das 15 licitações investigadas pela Controladoria Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal, mas a PF afirma que as supostas irregularidades aconteciam também em outros contratos fora do âmbito da operação.

A FJW foi alvo também da Operação Mata Norte, há dois meses, quando Padilha já havia sido preso. Ele ficou duas semanas no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel) e foi solto no dia 11 de outubro. Para a PF, a empresa usava o mesmo modus operandi para diversos contratos.

De acordo com a Polícia Federal, chamou atenção dos investigadores ainda que, logo após a deflagração da Operação Mata Norte, o ex-secretário da Casa Militar Mário Cavalcanti reuniu os PMs da sua antiga equipe. O coronel Roberto Gomes Filho era um deles.

Mário Cavalcanti foi alvo de mandado de condução coercitiva e, após ser ouvido pela PF nesta quinta-feira, foi liberado. Homem de confiança do governador Paulo Câmara, foi nomeado interventor da cidade de Gravatá, no Agreste do Estado

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