sábado, 28 de julho de 2018

Festival de Inverno mais polêmico da história chega ao fim

Festival de Inverno de Garanhuns termina na noite de hoje após uma batalha entre religiosos e comunidade LGBT

Para o desembargador, a peça "Jesus, Rainha do Céu", causou "veemente repúdio e, porque não, ódio da comunidade cristã" e extrapolou a liberdade de expressão

Por: Diario de Pernambuco

A peça é um monólogo e traz histórias bíblicas sob a perspectiva contemporânea. Foto: Reprodução/Facebook

A Secretaria de Cultura e a Fundarpe informaram, neste sábado (28), que o mandado de segurança deferido pelo desembargador Roberto da Silva Maia, impetrado pela Ordem dos Pastores Evangélicos de Garanhuns e Região, continua impedindo o governo do estado de realizar o espetáculo O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu dentro da programação oficial de artes cênicas do FIG 2018, que termina hoje com mais quatro espetáculos (veja abaixo) após uma batalha entre religiosos e comunidade LGBT.

Em nota enviada à imprensa, o governo estadual frisa que, no tocante às apresentações independentes do monólogo “O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu”, ocorridas na sexta-feira (27) à noite, as mesmas transcorreram “em segurança, sob proteção do estado, mesmo tendo ocorrido um momento de tensão quando da ação da Justiça ao informar o mandado de segurança.”

Segundo o vereador Ivan Moraes (Psol), mais de dez motos e dezenas de PMs ficaram do lado de fora do salão de festas alugado pelos artistas e a apresentação teve que ser privada. "Tem gente que, com as artes, parece criança com comida nova "nunca comi, mas odeio", escreu no Twitter. 

Num trecho da sentença, o desembargador Roberto da Silva escreve:

"Os responsáveis por esta manifestação o desvirtuam de modo a causar veemente repúdio e, porque não, ódio da comunidade cristã, ao ponto de a discussão adentrar as portas do Poder Judiciário. Sob o prisma jurídico, a discussão contrapõe os valores constitucionalmente consagrados das liberdades religiosa e de manifestação de pensamento. Nesse cenário, fazendo um juízo de ponderação entre tais direitos fundamentais, entendo que a liberdade de manifestação do pensamento deve ser plenamente garantida e exercida quando não for passível de afrontar a paz social".

No documento de decisão interlocutória, a Ordem dos Pastores Evangélicos argumenta:

Jesus Cristo é a materialização de um profeta sobre cuja vida e ensinamentos, narrados na Bíblia Sagrada, giram todos os dogmas das religiões cristãs. Ao retratá-lo na figura de um personagem de orientação transexual, a pela peça teatral O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, os responsáveis por esta manifestação o desvirtuam de modo a causar veemente repúdio e, porque não, ódio da comunidade cristã, ao ponto de a discussão adentrar as portas do Poder Judiciário. Sob o prisma jurídico, a discussão contrapõe os valores constitucionalmente consagrados das liberdades religiosa e de manifestação de pensamento.

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