O novo levantamento do Instituto de Pesquisas UNINASSAU mostra um cenário nada animador, pois a classe política aparece desacreditada pelos eleitores
POR TACIANA CARVALHO
Transformar o país por meio da política elegendo bons representantes do povo. Esse parece ser o desejo e até mesmo o discurso de muitos brasileiros diante de um tempo de descrédito. No entanto, a depender desse panorama, a nova pesquisa do Instituto de Pesquisas UNINASSAU revela que o cenário está longe de mudar. De acordo com o novo levantamento, encomendado pelo LeiaJá em parceria com o Jornal do Commercio, 83% afirmam que não se interessam pela política e 93% que não admiram a classe política.
Apesar da falta de interesse pela política, ainda assim, 61% dos entrevistados afirmaram que irão votar no dia da eleição contra 30% que disseram que não. Os que estão na dúvida são 6% e os que não souberam ou não quiseram responder são 3%. O levantamento também mostrou que 59% irão votar em algum candidato. O número dos que disseram que irão anular o voto ainda é alto: 37%.
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O coordenador do Instituto UNINASSAU, o cientista político Adriano Oliveira, ressalta que além do desinteresse, há um descrédito. “O descrédito na política é de um modo geral. Você não tem interessa na política e também tem descrédito. Talvez se você tivesse menor descrédito na política, tivesse maior interesse, talvez“, explicou.
A pesquisa UNINASSAU vai além e mostra um dado que, no mínimo, merece cautela: 36% dos entrevistados confessaram que nunca ouviram falar no cargo de senador da República e 58% disseram que sim. Sobre o que faz um senador, 18,1% responderam que criam as leis do país, 4,7% aprovam as leis da Câmara e/ou roubam, 3,3% representam Pernambuco em Brasília, 2,5% acham que são os “chefes” dos deputados e que fiscalizam o Executivo e, por último, 1,4% que elaboram projetos.
Assim como a maioria dos recifenses mostraram que não se interessam pela política, uma porcentagem alta de 70% afirma que não confia no Poder Legislativo. Apenas 9% disseram que confiam e 14% se mostraram indiferentes. “A pesquisa mostra claramente que a classe política é desacreditada, que os eleitores não têm interesse pela política, não confiam no Poder Legislativo. Esses dados mostram decepção dos eleitores com a vida política do país, além disso, não podemos desprezar o fato de que 30% dos eleitores pretendem não comparecer às urnas, ou seja a gente já tem uma taxa de rejeição considerada", salientou Adriano.
A pesquisa do Instituto UNINASSAU também perguntou a opinião dos entrevistados sobre o que achariam caso os militares decidissem “fechar” o Poder Legislativo. 44% disseram não concordar conta 20% que sim. Os duvidosos somam 10% e 26% não souberam ou não quiseram responder.
Dos que votaram contra, 31,4% acham que a militarização do Poder Legislativo seria um “retrocesso” e 31% que a democracia é sempre a solução. Desse grupo, 10,5% acreditam que o voto deve prevalecer. Dos 20% que apoia, 39,6% confia na esperança da melhora, 28,1% acha que há muita corrupção no legislativo, 10,4% afirma que um governo autoritário põe ordem, 4,7% confia no Exército e 3,1% avalia que uma ditadura seria uma solução.
Assim como os entrevistados não querem militarizar o Poder Legislativo, 62% não são favoráveis no geral que os militares retomem ao poder contra 22% que disseram sim. “Majoritariamente os eleitores querem viver em uma democracia, então mesmo ele estando direcionado com os políticos, ele julga os políticos, mas eles querem viver uma democracia, eles valorizam majoritariamente a democracia”, pontuou o cientista.
A pesquisa foi registrada junto à Justiça eleitoral sob o número PE-00515/2018, no dia 20 de julho de 2018. O nível estimado é de 95% de confiança e uma margem de erro de 4,5 pontos percentuais
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