terça-feira, 21 de maio de 2019

Mãe de bebê que morreu após ser espancada é presa em São Lourenço

Silvana Viana, de 25 anos, já havia perdido a guarda de duas outras filhas por conta de maus tratos. O pai da criança que faleceu na sexta-feira com vários hematomas pelo corpo foi preso logo após o crime

Por: Redação OP9

A Polícia Civil prendeu, na tarde desta terça-feira (21), a mãe da bebê de cinco meses que morreu na sexta-feira (17) apresentando sinais de espancamento depois de ser socorrida no Hospital Petronila Campos, em São Lourenço, na Região Metropolitana do Recife (RMR), onde mora a família. Silvana Maria Viana Sales, de 25 anos, é suspeita de ter participado das agressões que provocaram a morte de Débora Maria Sales da Silva. O pai da menina, Augusto Silva da Cruz, 23 anos, já havia sido preso na sexta, logo depois que o caso chegou ao conhecimento da polícia.

A prisão preventiva de Silvana foi decretada pela Justiça e cumprida pela delegacia de São Lourenço depois do recebimento de informações dos conselhos tutelares de Olinda e de Paulista, também na RMR, de que ela já havia perdido a guarda de duas outras filhas por conta de maus tratos. O avô paterno das três crianças também procurou a polícia para reiterar as denúncias.

Segundo ele, que está com a guarda de uma as meninas, Silvana batia nela, deixava-a passar fome e a maltratava. Na época das agressões, registradas em 2016, foi ele quem procurou as autoridades competentes de Olinda para relatar a situação. De acordo com a polícia, as investigações colheram indícios suficientes para indiciar Silvana por conivência com as agressões.

Por conta das denúncias, a guarda da criança foi retirada da mãe e a menina, hoje com seis anos, foi entregue aos avós paternos. “Meu filho estava preso e ela morava na minha casa com a minha neta. A menina ficava na boca de fumo, vinha com fome, suja e era maltratada. Hoje ela está comigo, muito bem, estuda é muito apegada a mim. Faço tudo para ela não passar necessidade”, desabafa ele.

Além dela, outra menina de menos de um ano também foi tirada da família em 2018 pelo Conselho Tutelar de Paulista por conta de indícios de maus tratos. A criança foi encaminhada a um abrigo e depois colocada para adoção. De acordo com um cunhado de Alexandre, ele próprio socorreu a criança várias vezes depois de sessões de espancamento. Segundo a conselheira tutelar responsável pelo caso, Laudicéia Lira, a menina chegou às mãos dos cuidadores em situação deplorável. “Ela estava cheia de marcas de queimaduras com restos de plástico colados nas lesões, uma perna quebrada e um raio-X revelou que a criança tinha um traumatismo craniano causado por pancadas que ela levou na cabeça”, lembra. Hoje adotada, garota vive muito bem com a nova família.

O avô das três meninas não acredita que o filho tenha agredido Débora e diz ser mais provável que a autora do espancamento seja Silvana. “Ela fazia isso com as outras filhas deles. Chegou a queimar uma delas com um cigarro de maconha. Meu filho aceitava isso porque gostava muito dela, mas tenho certeza de que ele não matou essa criança”.

Segundo ele, a família paterna nem sequer tomou conhecimento do nascimento de Débora. “Se soubéssemos, teríamos tomado alguma providência para evitar isso”. Ele afirmou que ficou muito sentido ao saber da morte da filha mais nova do casal. “Fiquei chateado porque uma criança pagou pelos erros dos pais”. 

A bebê deu entrada no Hospital Petronila Campos, em São Lourenço, desacordada e com múltiplos hematomas na manhã da sexta-feira (17), dois dias depois de ser espancada na casa da família, no Sítio Cajá. A equipe médica conseguiu reanimar a criança depois de 30 minutos de tentativas mas, pela gravidade do caso, ele foi encaminhada para o Hospital da Restauração (HR), no Recife. Débora morreu a caminho da unidade.

De acordo com a Polícia Civil, a mãe da criança informou que as agressões praticadas por Augusto contra Débora eram recorrentes e aconteciam havia pelo menos três meses. A conselheira tutelar Elisama Fernandes, responsável pelo caso, informou que a menina chegou à unidade de saúde levada nos braços por uma vizinha, que chegou acompanhada por Silvana. A bebê, de acordo com o relatório médico, tinha hematomas por todo corpo,

Em conversa com a conselheira, a mãe teria relatado que deu um suco à criança berço, saiu para estender roupas e, ao retornar,  Débora havia caído e desmaiado. “Os médicos já haviam informado que os hematomas eram sinais de maus-tratos, não podiam ser de uma queda”, explicou Elisama.

Posteriormente, a mãe da criança deu uma nova versão, alegando que o pai não aceitava o gênero da bebê porque queria ter tido um menino. Segundo ela, o último episódio de violência contra Débora teria ocorrido na quarta (15), mas o pai só teria permitido o socorro dois dias depois. Depois da morte da bebê, a residência da família foi destruída por vizinhos que ficaram revoltados com a história.

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